A Comissão do Mercado de Valores Imobiliários (CMVM) autorizou a criação de 59 sociedades de investimento imobiliário heterogeridas no ano passado, um aumento de 64% face às 36 constituídas em 2022. Os dados facultados pela CMVM permitem concluir que a constituição destes organismos de investimento coletivo tem registado uma dinâmica crescente desde 2020. A este movimento não será alheio o regime dos vistos gold. As aplicações financeiras eram um dos critérios elegíveis para a atribuição de Autorização de Residência para Investimento (ARI) e podiam ser realizadas em veículos com ativos imobiliários. A entrada em vigor do pacote Mais Habitação alterou as regras, mas manteve a porta aberta às transferências de capital.
No ano passado e até setembro, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) concedeu 392 Autorizações de Residência para Investimento (designação oficial dos vistos gold) por via de transferências de capitais. Foram investidos um total de 154,4 milhões de euros. Desde essa data que são desconhecidos o número de novas autorizações e o investimento envolvido. O SEF foi extinto e a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), entidade agora responsável pelas ARI, não atualizou até ao momento as estatísticas, apesar dos pedidos do DN/Dinheiro Vivo. Ainda assim, é possível verificar que o critério de transferências de capital despertou bastante interesse nos investidores estrangeiros, principalmente a partir do momento em que foi eliminada a possibilidade de obter visto por compra de imóveis nas grandes cidades. Em 2019 e 2020, foram concedidos pouco mais de 80 vistos, mas em 2021 já ultrapassou a barreira dos 100 e em 2022 ascendeu a 271 autorizações. No ano passado, como já referido, o número de ARI por via de transferências de capital disparou. De acordo com os dados do SEF, desde a criação do regime dos vistos gold - em outubro de 2012 -, e até setembro de 2023, esse critério permitiu a atribuição de 1312 ARI, num investimento acumulado de 867 milhões de euros.