Legislativas
24 fevereiro 2024 às 00h19
Leitura: 7 min

Debate final. Salários e impostos dividem esquerda e direita. Montenegro admite erro de Albuquerque

Estratégia do líder da AD, Luís Montenegro, passou por recursar várias vezes assumir se viabilizará um governo minoritário do PS. Pedro Nuno Santos fala em tabu".

Para quem esperava algum esclarecimento quanto a cenários pós-eleitorais assumidos pelo líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, o último debate para as legislativas não trouxe nada de novo para além do silêncio que foi a marca desta semana. Em relação aos outros partidos, o debate civilizado tocou nas medidas de cada um e vincou aquilo que os separa: à esquerda, luta pelos salários; à direita, choque fiscal.

O líder do PS, Pedro Nuno Santos, insistiu no tema que o tem separado ao longo desta semana de Luís Montenegro, que é a viabilização de um eventual Governo do PS, se perder as eleições. "O que o líder do PSD tem feito é esconder-se atrás de um biombo com medo de dizer o que vai fazer", disse Pedro Nuno Santos, reafirmando que, "se o PS não conseguiu apresentar uma maioria alternativa não vai apresentar nenhuma moção de rejeição".

A Nova SBE, em Carcavelos, voltou a ser transformada num estúdio da RTP para receber os líderes partidários, desta vez para aqueles que neste momento têm assento na Assembleia da República. 

"Não há um problema de falta de riqueza no país", defendeu no final do frente a frente o líder do PCP, Paulo Raimundo, apontando que está é mal distribuída, enquanto lembrou aqueles que considera ser os responsáveis pela produção de riqueza: os "5 milhões de trabalhadores" em Portugal. Esta foi a marca do secretário-geral comunista ao longo do encontro com os outros líderes partidários, que momentos antes tinha trazido para o debate a mesma ideia. "Antes houvesse uma relação direta entre o aumento da produtividade e o aumento dos salários", ironizou Paulo Raimundo, apelando à subida de salários.

Não muito longe desta ideia, momentos antes, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, afirmou que “é preciso baixar os preços das caixas e respeitar as pessoas que trabalham com salários". 

Já no que diz respeito à saúde, a líder do BE defendeu que "é preciso recursos para reter profissionais no SNS", antes de explicar que a sua "solução é para outros profissionais, não só médicos", que passa por dedicação exclusiva.

"O SNS é a resposta", sustentou a copordenadora bloquista enquanto afirmava que "os cheques-cirurgia ficam 80% por utilizar".

"O modelo de externalizar ao privado é o que está agora em vigor e desperdiça dinheiro", criticou Mariana Mortágua.

Ainda à esquerda, o deputado únido do Livre, Rui Tavares, levou para o debate a informação de que o líder do Chega, André Ventura, teria convidado o presidente demissionário do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, para ser seu mandatário no âmbito da candidatura presidencial que apresentou em 2021. Miguel Albuquerque demitiu-se do cargo na sequência da acusão de corrupção de que é alvo no arquipélago. Por seu lado, o líder do Chega, que tem sido muito crítico em relaçâo à corrupção, fez um gesto vago mas não se defendeu.

"Uma maioria que inclua o Chega seria uma traição àquilo que andou a prometer durante a campanha", afirmou ainda Rui Tavares, lembrando que ainda nenhum partido apontou uma solução governativa que inclua o partido de André Ventura.

"Os números mostram que o Chega tem estabilizado a sua votação entre os 17 e os 20%", apontou André Ventura no inicio da sua intervenção, apontando que seria "estranho" haver uma solução governativa à direita que não contemple o Chega.

"O líder do PSD que tem andado a dizer que o Governo caiu por dentro não pode andar a dizer que poderá dar a mão ao PS", lançou o líder do Chega, instando Luís Montenegro.

Já o presidente do PSD, Luís Montenegro, questionado sobre o que pensa do facto do líder do governo da Madeira, que pretende ser reconduzido como líder partidário, respondeu que, se fosse consigo, seguiria um rumo diferente. 

Concretamente sobre medidas para a economia, Montenegro criticou o PS por prever um crescimento de 2,4%, lembrando a meta mais ambiciosa social-democrata, que aponta para "um crescimento de 3,4 ou 3,5%  até 2028", atacando o grande constrangimento da economia portuguesa, que diz ser a fiscalidade.

Com um foco na saúde, o líder da IL, Rui Rocha, voltou a levar para o debate o que tem defendido para a área em debates anteriores e no programa eleitoral do partido. "Profissionais de saúde desmotivados não funciona, Pedro. Urgências encrerradaas não funciona, Pedro", disse Rui Rocha, repetindo esta ideia para vários aspetos do setor, sempre rematando no fim com "Pedro".

"O orçamento da saúde é suficiente mas tem de ser bem gerido para dar liberdade no acesso à saúde", continuou o líder liberal.

"Se o SNS tem capacidade instalada para dar resposta, muito bem. Se não, recorre-se aos privados", voltou a referir.

Na justiça, Rui Rocha criticou as relações entre a Administração Pública e entidades reguladoras. Para exemplificar esta ideia, Rui Rocha lembrou a passagem de Mário Centeno do Governo do PS para o cargo de governador do Banco de Portugal.

No início do debate, um grupo de jovens interrompeu o debate com alertas para o clima. Em resposta aos jovens que se manifestaram pela crise climática, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, aproveitou a deixa e insistiu na mensagem pelo ambiente.

Inês de Sousa Real disse que a "coligação é com os portugueses" e acusou a maioria de esquerda de ter criado a crise.

Não queremos assistir a um amanhecer no dia 11 de março que não seja em democracia, disse a líder do PAN, criticando a AD por defender touradas e a IL por negar as alterações climáticas.

LEIA O MINUTO A MINUTO DO DEBATE AQUI