Eleições Europeias
22 abril 2024 às 23h47
Leitura: 7 min

Renovação total no PS e AD. Escolha de Bugalho deixa deputados apreensivos

Só o PSD manteve um nome dos atuais deputados. Todos os outros, quer no PS, quer na AD, foram afastados das listas. Marta Temido foi “escolha pacífica” entre os socialistas.

Mudança total socialista e uma grande surpresa na AD nas listas para as Europeias com a nomeação de Sebastião Bugalho como cabeça de lista.

No lado do PS dos atuais eurodeputados nenhum foi reconduzido. A lista liderada por Marta Temido, ex-ministra da Saúde e atual deputada, inclui Francisco Assis [que venceu as Europeias de 2014 - António Costa consideraria a sua vitória de “poucochinho” - e já não foi candidato em 2019 ], Ana Catarina Mendes [a ex-ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares que estava temporariamente afastada das luzes da ribalta política], Bruno Gonçalves [deputado que já foi candidato ao Parlamento Europeu em 2004], André Rodrigues [deputado no Parlamento Regional dos Açores], Carla Tavares [reeleita presidente da Câmara da Amadora, em 2021, com maioria absoluta], Isilda Gomes [líder dos autarcas socialistas e presidente da Câmara de Portimão desde 2013], Sérgio Gonçalves [ex-líder do PS-Madeira] e Miguel Lemos [presidente do Conselho de Administração da Águas de Gaia que há um ano estava disponível para suceder a Eduardo Vítor Rodrigues na Câmara de Gaia] na lista dos nove primeiros lugares.

A renovação de Pedro Nuno Santos fez cair Carlos Zorrinho, Pedro Silva Pereira, Isabel Santos, Pedro Marques, Margarida Marques, Maria Manuel Leitão Marques, Isabel Carvalhais, João Albuquerque [que entrou para o lugar de Manuel Pizarro quando este foi para ministro da Saúde] e Sara Cerdas - que já estava de saída por ser candidata a deputada nas eleições regionais da Madeira.

E nem o facto de Pedro Marques ser primeiro vice-presidente da bancada dos socialistas no Parlamento Europeu e Pedro Silva Pereira ser vice-presidente do Parlamento Europeu foi suficiente para os manter na lista do PS.

O rosto do PS
Depois de integrar três Governos de António Costa, Marta Temido apresentou a demissão do cargo de ministra da Saúde em 30 de agosto de 2022 por entender que tinha deixado de ter condições para exercer o mandato.
Após deixar as suas funções governativas, assumiu o seu mandato como deputada, lugar para o qual foi reeleita nas últimas eleições legislativas.

Durante os seus mandatos, Marta Temido esteve no centro da gestão da pandemia, que começou em 2020, mas também atravessou várias polémicas. Na altura, o encerramento dos Serviços de Urgência de Obstetrícia em vários hospitais por falta de médicos para preencher as escalas pressionou a tutela.

O rosto da AD 
Após a “desistência” de Rui Moreira [a contestação interna no PSD terá sido um fator “decisivo” para além de um convite para ser número dois, soube o DN], o cabeça de lista é o homem que foi candidato nas eleições legislativas de 2019 pelo CDS [uma escolha da então líder Assunção Cristas] e que mais tarde, em 2021, haveria de recusar ocupar o lugar de deputado alegando “circunstâncias políticas e profissionais”. Francisco Rodrigues dos Santos liderava os centristas e Sebastião Bugalho teria lugar como deputado após a saída de Ana Rita Bessa e a recusa de Isabel Galriça Neto.

O nome que apanhou de “surpresa” deputados do PSD contactados pelo DN - “apreensão” é a expressão usada - escreveu na última sexta-feira, no Expresso, que Luís Montenegro “mantém como primeiro-ministro o mesmo posicionamento que apresentou durante a sua candidatura ao cargo: nenhum”.

“Desde que se fez líder do PSD, o recém-empossado evitou comprometer-se nas mais variadas matérias, desde a regionalização, em que se opôs a um referendo sem revelar a sua posição, à eutanásia, em que propôs um referendo sem dizer como votaria, culminando no novo aeroporto, em que consensualizou o modelo de escolha sem anunciar (até hoje) para que lado pende. E na campanha eleitoral não foi muito diferente (…) para quem chefia um Governo minoritário e lida com um sistema político em mudança, renegar a tática seria impraticável”, escreveu.

Mas foi mais longe ao criticar dizer que “a tolerância nacional para o teatro esgotou-se: no hemiciclo, na opinião pública e nos eleitores” argumentando que “é compreensível, ainda que gratuito, encobrir acordos para a mesa da Assembleia da República. É menos aceitável que não se clarifique uma baixa de IRS. As pessoas podem não querer saber quem é o presidente da Assembleia, mas querem certamente saber se vão pagar mais ou menos impostos este ano”.

O número dois da Lista da AD é Paulo Cunha [vice-presidente do PSD, líder da distrital de Braga e ex-presidente da Câmara de Famalicão] que em 2022 admitia que o Exército pudesse patrulhar as ruas como solução de recurso”perante a constatação da sua inevitabilidade. Sabemos que a presença do Exército na rua ainda está associada a uma imagem que não é a melhor para a maioria dos portugueses, o pré-25 de Abril, mas o Estado português não pode continuar com soluções paliativas, deve procurar respostas efetivas que devolvam aos portugueses a sensação de segurança”.

Seguem-se Hélder Sousa Silva [presidente da Câmara de Mafra eleito em 2013], Lídia Pereira [a única dos atuais eurodeputados que continua] , Sérgio Humberto [presidente da Câmara de Trofa eleito em 2013] , Paulo Cabral [o nome indicado pelo PSD-Açores e conselheiro dos Açores e Energia na Representação Permanente de Portugal na União Europeia ], Carla Rodrigues [antiga deputada e membro do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida] e Rubina Leal [o nome indicado pelo PSD-Madeira] que é a nona escolha e não a oitava como pretendia Miguel Albuquerque que, ao que o DN apurou, votou contra a lista de Luís Montenegro. 

A candidata do CDS, que vai ocupar o lugar três, na lista da AD é Ana Miguel Pedro Soares que é jurista, assessora do partido no Parlamento Europeu e membro da Comissão Política dos centristas. 

Nas europeias de 2019, o PSD elegeu seis eurodeputados e o PS nove.

Nesse ano, sob a liderança de Rui Rio, os sociais-democratas tiveram o pior resultado da sua história.