Entre os 308 municípios que vão a votos nas próximas autárquicas, no último domingo de setembro ou no primeiro de outubro, que em 2025 coincide com o feriado da Implantação da República, uma dúzia de duelos em capitais de distrito e concelhos populosos definem o equilíbrio de poder entre os dois maiores partidos. Embora o PS tenha larga vantagem na Associação Nacional de Municípios Portugueses - com 149 presidências, contra 114 sociais-democratas (incluindo as coligações com o CDS-PP) - , nos de maior dimensão o PSD tem mais a perder.
Entre os principais municípios em que os presidentes não se podem recandidatar, por limitação de mandatos, quase todos são geridos pelo PSD, sozinho ou coligado. Aproxima-se o fim dos terceiros mandatos de Carlos Carreiras (Cascais), Ricardo Rio (Braga), Ribau Esteves (Aveiro) e Rogério Bacalhau (Faro), enquanto Ricardo Gonçalves já renunciou em Santarém e foi substituído por João Teixeira Leite, sendo Basílio Horta (Sintra) e Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia) os irrecandidatáveis do PS. Junta-se-lhes o independente Rui Moreira, levando sociais-democratas e socialistas a apostar forte na Câmara do Porto.
Mas o mais mediático duelo autárquico é em Lisboa, onde Carlos Moedas procura a reeleição, após ter derrotado Fernando Medina, em 2021. E a coligação Novos Tempos poderá ter o reforço da Iniciativa Liberal, embora seja difícil satisfazer as suas expectativas mantendo o peso dos centristas.
Nos socialistas, a eleição intercalar na Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL), apurando-se a 10 de janeiro se Ricardo Leão será substituído por Carla Tavares ou Miguel Prata Roque, não está a paralisar um processo em que o secretário-geral, Pedro Nuno Santos, tem a última palavra. Sem poder contar com Duarte Cordeiro, tido como candidato ideal à autarquia de que já foi vice-presidente, e com Marta Temido no Parlamento Europeu, o PS hesita entre a ex-ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e a ex-ministra da Modernização do Estado e líder do grupo parlamentar, Alexandra Leitão. Quando houver escolha, o que deve suceder no primeiro trimestre, há que apurar as hipóteses de convergência à esquerda, sendo certo que o PCP afasta tal cenário, mais provável com o Bloco de Esquerda.
Incertos continuam os contornos da corrida eleitoral em Sintra. Eleito três vezes no segundo concelho mais populoso do país, o antigo dirigente centrista Basílio Horta deixa um grande desafio ao PS, que também aqui olha para membros do Executivo de António Costa. Entre os nomes testados estão o antigo secretário de Estado-Adjunto do Primeiro-Ministro e dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, e a ex-ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho. Mais remotas são as hipóteses do atual vice-presidente da autarquia (e líder concelhio), Bruno Parreira.
Enquanto isso, também o PSD vai testando nomes, na certeza de que Sintra é a maior oportunidade de conquista no distrito de Lisboa (a não ser que Isaltino Morais, hegemónico em Oeiras, volte ao partido do qual até 2002 era “autarca modelo”). O favorito é Marco Almeida, vice-presidente de Fernando Seara e candidato em 2013 e 2017, ficando perto de derrotar Basílio Horta na primeira tentativa, enquanto independente. Alternativas como a nova candidatura de Ricardo Baptista Lopes, que encabeçou a lista do PSD e CDS em 2021, o “desvio” do atual presidente da Câmara da Figueira da Foz, Pedro Santana Lopes, ou a aposta no apresentador televisivo Manuel Luís Goucha, estarão praticamente descartadas.
Mais definido está o cenário em Cascais, onde o social-democrata Carlos Carreiras completa o terceiro mandato na certeza de que o sucessor será o líder concelhio Nuno Piteira Lopes, vice-presidente da autarquia desde que Miguel Pinto Luz foi para o Governo. Fora do poder desde 2001, o PS avança com Marcos Perestrello, vice-presidente da Assembleia da República, e recém-eleito presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, o que seria incompatível com a presidência da Câmara, pois os deputados só podem ser vereadores não executivos.