EUA
22 julho 2024 às 00h21
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Líderes mundiais reagem à decisão de Biden em não se recandidatar

Os líderes mundiais acorreram em fila para prestar homenagem ao presidente dos EUA, Joe Biden, no domingo, depois de este ter anunciado que estava a desistir da corrida presidencial dos EUA.

Biden notificou os cidadãos da sua decisão através de uma carta, uma medida surpreendente que veio alterar a corrida para a Casa Branca em novembro. O presidente norte-americano apoiou a vice-presidente Kamala Harris como a nova candidata do Partido Democrata.

Zelensky agradece "apoio inabalável à Ucrânia"

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao Presidente do Estados Unidos, Joe Biden, pelo "apoio inabalável à Ucrânia na luta pela liberdade", e considerou a desistência da corrida presidencial como uma "dura decisão".

"Iremos sempre estar agradecidos pela liderança do presidente Biden. Ele apoiou-nos no momento mais dramático da História, apoiou-nos a evitar que Putin [presidente da Rússia] ocupasse o nosso país", escreveu Zelensky na rede social X.

Para o presidente ucraniano, a atual situação na Ucrânia e em toda a Europa também é desafiante, e Zelensky diz esperar que "a América continue a ter uma liderança forte que impeça o mal russo de triunfar e de dar frutos".

O Kremlin (presidência russa) reagiu ao anúncio de Joe Biden referindo faltarem quatro meses para as eleições, o que é "um longo período durante o qual muita coisa pode mudar".

"Precisamos de estar atentos, de seguir o que vai acontecer", indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov ao site Life.ru.

Borrell deseja "todo o sucesso" a substituto de Biden

O chefe da diplomacia europeia desejou esta segunda-feira "todo o sucesso" para o substituto de Joe Biden nas eleições presidenciais norte-americanas e admitiu alterações nas relações transatlânticas mediante a vitória de um ou outro candidato.

"Desejo todo o sucesso para a pessoa que vai substituí-lo [a Joe Biden]", disse o Alto-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, à entrada para uma reunião ministerial em Bruxelas.

Borrell foi até hoje o único representante da UE a pronunciar-se sobre a desistência do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, da corrida à Casa Branca, anunciada no domingo após várias críticas sobre a sua capacidade para bater-se com o candidato republicano, Donald Trump.

Questionado sobre se a vitória do candidato democrata - que ainda não foi anunciado, apesar de o nome da vice-presidente, Kamala Harris, estar a recolher apoios dentro do partido - favoreceria as relações com o bloco europeu, Josep Borrell recusou comentar.

Face à insistência dos jornalistas na pergunta, o chefe da diplomacia europeia respondeu: "Os norte-americanos são os que têm de decidir quem é que querem na Casa Branca. Claro que haverá uma diferença importante [para as relações transatlânticas] dependendo de quem lá estiver, mas isso não é uma decisão nossa [da UE]."

Ministros de Lula elogiam decisão

Alguns ministros do Governo brasileiro elogiaram no domingo a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de desistir da recandidatura à Casa Branca.

"Política não é personalismo, mas, sim, serviço a favor das ideias e valores. Biden dá demonstração enorme de grandeza política ao compreender que os democratas precisam de um fato novo para enfrentar o conservadorismo extremista que ameaça o mundo", reagiu a ministra do Planeamento e Orçamento, Simone Tebet, na rede social X (antigo Twitter).

Simone Tebet, uma das responsáveis pela elaboração da estratégia económica do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, apelou ainda aos democratas para que "tenham o mesmo altruísmo e sabedoria" de Biden na escolha de quem o vai substituir "para confrontar o extremismo".

Também o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, escreveu na X que a desistência de Biden é uma "grande decisão para derrotar a extrema-direita norte-americana".

Já José Renan Filho, à frente da pasta dos Transportes, indicou no Instagram que a desistência de Joe Biden é "um gesto de grandeza".

Biden demonstrou "desprendimento em momento crítico", reforçou o dirigente, elogiando o desempenho do líder dos EUA em questões como emprego, proteção ambiental e crescimento económico.

"Esse fato novo impulsionará reviravolta na eleição", defendeu.

Lula da Silva ainda não reagiu publicamente à decisão de Joe Biden.

"Democracia mais forte"

“Tomou muitas decisões difíceis graças às quais a Polónia, a América e o mundo estão mais seguros e a democracia mais forte”, disse o primeiro-ministro polaco Donald Tusk. “Sei que foi movido pelas mesmas motivações ao anunciar a sua decisão final. Provavelmente a mais difícil da sua vida”, acrescentou Tusk, que foi presidente do Conselho Europeu entre 2014 e 2019.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse respeitar a decisão de Biden, acrescentando: “Estou ansioso por trabalharmos juntos durante o resto da sua presidência. “Sei que, tal como fez ao longo da sua notável carreira, terá tomado a sua decisão com base no que considera ser o melhor para o povo americano”, escreveu no X, antigo Twitter.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, também prestou homenagem ao legado de Biden. “O meu amigo Joe Biden alcançou muito: para o seu país, para a Europa, para o mundo”, escreveu no X. "A sua decisão de não se recandidatar merece respeito."

O primeiro-ministro espanhol também não poupou elogios: "Um grande gesto de um grande presidente que sempre lutou pela democracia e pela liberdade", disse Pedro Sánchez, também no X.

Um "grande homem"

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, agradeceu a Biden pelo seu “apoio inabalável a Israel ao longo dos anos”. No X, acrescentou: “O seu apoio inabalável, especialmente durante a guerra, tem sido inestimável. Estamos gratos pela sua liderança e amizade.”

O presidente israelita Isaac Herzog, cujo papel é em grande parte cerimonial, também agradeceu a Biden o seu “apoio constante ao povo israelita ao longo das suas décadas de carreira”, num post no X.

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, também agradeceu a Biden pelos seus anos de serviço. “Conheço o presidente Biden há muitos anos”, escreveu no X. “Ele é um grande homem e tudo o que faz é guiado pelo seu amor pelo seu país. Como presidente, ele é um parceiro dos canadianos -- e um verdadeiro amigo. Ao presidente Biden e à primeira-dama: obrigado”.

O primeiro-ministro australiano Anthony Albanese escreveu no X: “Obrigado pela sua liderança e serviço contínuo, presidente Biden”.
“A aliança entre a Austrália e os EUA nunca foi tão forte, com o nosso compromisso partilhado com os valores democráticos, a segurança internacional, a prosperidade económica e a ação climática para esta e para as gerações futuras.”

O antigo presidente Barack Obama, com quem Biden cumpriu dois mandatos como vice-presidente, elogiou o seu historial no cargo.
“Internacionalmente, ele restaurou a posição da América no mundo, revitalizou a NATO e mobilizou o mundo para se levantar contra a agressão russa na Ucrânia”, disse. Embora tivesse todo o direito de se candidatar à reeleição, a decisão de Biden de desistir da corrida foi uma prova do seu “amor pelo país”, acrescentou Obama.

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