Eleições legislativas
08 março 2024 às 21h48
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Pedro Nuno Santos acusa Manuela Ferreira Leite de desrespeito pelas vítimas da covid-19

"Dizer que a covid-19 é uma benesse é um desrespeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde. É um desrespeito ao Serviço Nacional de Saúde", declarou o líder socialista.

O secretário-geral do PS acusou esta sexta-feira a antiga líder social-democrata Manuela Ferreira Leite de ter revelado falta de respeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde quando considerou que a covid-19 foi uma benesse para os governos socialistas.

Pedro Nuno Santos falava no último comício da campanha para as eleições legislativas, já depois de a sua cabeça de lista socialista por Setúbal, Ana Catarina Mendes, também ter condenado as declarações desta sexta-feira de Manuela Ferreira Leite, que também considerou que, tal como a covid-19, a inflação foi igualmente uma "benesse" para o executivo de António Costa.

"Dizer que a covid-19 é uma benesse é um desrespeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde. É um desrespeito ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)", declarou o líder socialista.

Neste contexto, Pedro Nuno Santos referiu-se a mulheres que, segundo ele, "lideraram o grande combate" à pandemia.

"Mulheres como Marta Temido, Mariana Vieira da Silva ou Graça Freitas. Mulheres que defenderam o seu povo. Que bem que representaram o seu povo e o Governo português", disse.

A seguir, deixou outra pergunta: "Qual benesse a inflação?" Pedro Nuno Santos apontou que "aumentaram as taxas de juro, o que prejudicou muitas famílias" portuguesas, "e foi um período muito difícil em que os portugueses contaram com o Governo ao seu lado".

"Quando há uma crise, nós já sabemos que eles vão aos salários e às pensões", disse, numa crítica à AD.

Num almoço de campanha da Aliança Democrática (AD), na Estufa Fria, hoje em Lisboa, comemorativo do Dia Internacional da Mulher, Manuel Ferreira Leite considerou que o PS, que governou nos últimos oito anos, "ainda teve dois benefícios" ou "duas bênçãos que lhe caíram do céu", a pandemia de covid-19 e a inflação.

"A covid para este Governo foi uma benesse, foi uma desculpa para nada fazer, foi a possibilidade de poder ajudar quem efetivamente nessas alturas teve necessidade de apoios -- e que qualquer Governo com certeza que o faria, um Governo do PSD também o faria", sustentou.

Pedro Nuno Santos encerra a campanha a incentivar os jovens a lutar contra hiperindividualismo

 O secretário-geral do PS encerrou depois a campanha eleitoral com um discurso em que incentivou os jovens a lutarem contra uma sociedade individualista e pela defesa da cooperação entre cidadãos num projeto sentido de comunidade.

Pedro Nuno Santos falava numa festa da JS em Alcântara, em Lisboa, no último ato de campanha para as eleições legislativas de domingo.

"Terminamos agora a campanha, agradeço à JS o apoio que vocês deram, em particular o seu secretário-geral, Miguel Costa Matos", começou por dizer o líder socialista, antes de deixar uma mensagem a algumas centenas de jovens que o ouviam.

"No quadro de uma sociedade hiperindividualista, temos de fazer um trabalho em conjunto. Só chegámos aqui porque cooperámos uns com os outros. Mas somos estimulados a competir uns com os outros, numa grande angústia. Não é essa a sociedade que os socialistas querem. Sozinhos não somos ninguém", sustentou o secretário-geral do PS.

Pedro Nuno Santos defendeu que, ao contrário do que preconizam as correntes liberais, "o Estado garante liberdade, uma liberdade igual para os outros".

"Numa sociedade individualista, em que cada um só olha para si, só se safa quem nasceu bem", advogou, num discurso em que defendeu a escola pública como fator de igualdade e o Serviço Nacional de Saúde (SNS), "que não é uma coisa só para os mais velhos".

Depois, deixou um apelo aos jovens socialistas: "Por mais dura que seja a luta que travamos, temos de a travar".

Antes, o secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, salientou a importância destas eleições legislativas perante "o crescimento da extrema-direita" e uma "direita democrática radicalizada", que disse propor regressões em matérias como as alterações climáticas, a política de integração de migrantes ou o aborto.

Mais de 10,8 milhões de portugueses são chamados a votar no domingo para eleger 230 deputados à Assembleia da República.

A estas eleições concorrem 18 forças políticas, 15 partidos e três coligações.