Legislativas
06 março 2024 às 08h53
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Paulo Raimundo: "Vamos ser a grande surpresa da noite eleitoral"

Secretário-geral do PCP defendeu que só o voto na CDU pode ser uma resposta contra a "bipolarização" para as eleições legislativas.

Redação

O secretário-geral do PCP considerou esta quarta-feira que a CDU vai ser "a grande surpresa da noite eleitoral" e expressou confiança em conseguir travar a "bipolarização" com o voto dos trabalhadores, lembrando também o 103.º aniversário do partido.

"São 103 anos de história, uma história que se confunde com a história do país e dos trabalhadores. Enfrentámos todas as incógnitas ao longo dos anos e ultrapassamo-las por uma razão: ligados aos trabalhadores. E essa ligação aos trabalhadores vai também resolver as incógnitas e vamos ser a grande surpresa da noite eleitoral, não tenho dúvidas disso", afirmou Paulo Raimundo.

Em declarações aos jornalistas à entrada dos estaleiros da Lisnave, em Setúbal, o líder comunista assinalou o "dia muito especial", salientando que o PCP está na manhã desta quarta-feira "em mais de 100 empresas a esta hora em todo o lado a contactar os trabalhadores".

Enquanto entregava folhetos da CDU aos trabalhadores que entravam ao serviço, reiterou ainda que só o voto na Coligação Democrática Unitária (CDU, que junta PCP e PEV) pode ser uma resposta contra a "bipolarização" para as eleições legislativas de 10 de março.

"O voto dos trabalhadores não pode ser igual ao dos donos da EDP, Galp, CTT ou Lisnave. Estamos muito confiantes que os trabalhadores vão dar força ao seu partido, que é a CDU. Se é para querermos mais salários, menos precariedade, mais estabilidade de vida e melhores condições de vida esse voto só pode ser na CDU. E é isso que vai estar em jogo, não é esta falsa bipolarização entre PS e PSD. O que vai estar em jogo é entre os salários, a precariedade, os direitos e aqueles que querem apertar mais os direitos dos trabalhadores", acrescentou.

CDU desafia PS a acompanhar "choque salarial de alta voltagem"

A CDU desafiou esta quata-feira o PS a acompanhar a proposta de aumentos salariais imediatos e significativos para os trabalhadores, reforçando o apelo ao voto para as eleições legislativas de domingo.

"Aquilo que vem do PSD e do CDS é lá para diante, se alguma vez viesse; que aquilo que vem do Chega e da IL, idem idem, aspas aspas; e aquilo que vem do PS é o choque dos 12 volts. Não precisamos do choque de 12 volts, precisamos de um choque salarial de alta voltagem. E daqui fica o desafio: o PS está ou não está disponível para acompanhar a CDU nesta justa reivindicação de choque salarial de alta voltagem e agora", atirou o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.

No discurso após o tradicional desfile da Coligação Democrática Unitária (CDU, que junta PCP e PEV) na Baixa da Banheira, em que contou com a companhia dos candidatos distritais Paula Santos (PCP), Bruno Dias (PCP) e Heloísa Apolónia (PEV), o líder comunista salientou que é agora que o aumento dos salários "faz falta", colocando essa questão no centro das decisões para o voto.

"É agora para dar resposta aos problemas das pessoas, ao aumento do custo de vida e para distribuir melhor a riqueza que é criada por quem trabalha. Quem produz a riqueza merece que uma parte maior dessa riqueza lhes vá parar ao bolso e não aos lucros e dividendos dos acionistas das grandes empresas. Precisamos deste choque salarial: 150 euros no mínimo para cada trabalhador, 15% de aumentos e 1.000 euros de salário mínimo já este ano", vincou.

Destacando a "grande mobilização" nas ruas da Baixa da Banheira, que terá juntado algumas centenas de pessoas, Paulo Raimundo reiterou que o caminho a partir do 10 de março não depende do resultado de PS ou da Aliança Democrática (AD), mas sim dos deputados da CDU, que representarão "o grande voto de protesto, de oposição, mas também das soluções".

"Os deputados serão os primeiros a propor e nunca falharão à convergência de tudo aquilo que é positivo. Tal como demonstra a nossa história, tal como demonstra o período de 2015 a 2019, o que determinou aquilo que foi alcançado não foi a vontade do PS nem o que estava eventualmente escrito neste ou naquele papel; o que determinou foi a força e o número de deputados do PCP e do PEV na Assembleia da República", realçou.

Paulo Raimundo mostrou-se muito expansivo nos cumprimentos à população da Baixa da Banheira e assinalou a confiança num bom resultado no domingo.

"Esta confiança que transbordamos, esta alegria, esta determinação contra ventos e marés não é por acaso. É porque sentimos o carinho das ruas. Ouvimos todos os dias que fazemos falta. O que é preciso é que esse sentimento de que fazemos falta se traduza agora naquilo que é fundamental para ter consequência: o voto", disse, concluindo: "Tivéssemos nós mais duas semanas de campanha e isto piava de outra maneira. Estamos a crescer todos os dias".

Por outro lado, Heloísa Apolónia, d'Os Verdes e terceira candidata pela CDU no distrito de Setúbal, assegurou a dramatização do voto, enunciando as falhas à direita e ao PS.

"Todos lembramos como arrancaram salário das mãos das pessoas, como mandaram pessoas emigrar e o orgulho do tempo da troika. Não esquecemos esta traição ao povo português", disse, em alusão ao governo PSD-CDS de 2011 a 2015, para atacar de seguida os socialistas: "Não esquecemos esta maioria do PS. Para nós, nada admirou, porque sabemos da legislatura de 2015 a 2019 o esforço que tivemos de fazer para arrancar a reposição dos salários e das pensões".