A Tupperware suspendeu a produção da fábrica de Montalvo, em Constância, na tarde do dia 12 deste mês, alegadamente para reduzir o stock em armazém. Cinco dias depois, Laurie Ann Goldman, CEO da empresa norte-americana, anunciou, por videochamada, aos trabalhadores de todas as unidades a nível mundial que a multinacional ia entrar em falência, mas garantiu que estava a tentar encontrar investidores para darem continuidade à atividade da empresa. No concelho, a apreensão quanto ao futuro dos 200 trabalhadores em Portugal é notória.
Um dia depois da comunicação de Laurie Ann Goldman, na quarta-feira passada, o clima era de tensão à saída da fábrica de Montalvo. Entre as mais de 10 pessoas abordadas pelo Diário de Notícias/Dinheiro Vivo (DN/DV) todas se recusaram a comentar a situação. “Não vou falar” e “estou com pressa” foram as respostas mais ouvidas. Outras reagiram com frases curtas: “é falso que a fábrica vai fechar”, “não, não vai encerrar”, “vai haver uma reestruturação” e “estão a tentar resolver”.
Ao contrário do que alguns tentaram fazer crer, a palavra “tranquilidade” não traduzia o estado de espírito dos trabalhadores, mas sim medo. Ao ponto de uma das operárias ter justificado o silêncio com o receio de uma “reprimenda”. O que é certo é que, desde a reunião com a CEO da Tupperware, o eventual fecho da unidade de produção passou a ser tema de conversa diário na empresa.
Um trabalhador, que aceitou falar com o DN/DV na condição de não ser identificado, conta que Laurie Ann Goldman revelou na reunião que “tinham de fechar em alguma zona da Europa”, sem precisar se seria a fábrica de Portugal ou da Bélgica. “Todas as pessoas, inclusivamente os chefes, foram apanhadas de surpresa e ficaram nervosas. Se declararam falência, como é que isto fica? Tenho filhos, vou ter de arranjar outro trabalho.”