A China terminou esta segunda-feira manobras militares em torno de Taiwan nas quais simulou um bloqueio e a tomada de portos e zonas-chave da ilha, como advertência às “forças independentistas” do território. Esta é a quinta vez que Pequim recorre a este tipo de jogos de guerra desde 2022, ano em que realizou o primeiro deste calibre em resposta à visita a Taiwan da então presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, que enfureceu a China e elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.
As atuais manobras, denominadas Joint Sword-2024B, envolveram o porta-aviões Liaoning, bem como tropas terrestres, marítimas e aéreas do Exército chinês. De acordo com o Ministério da Defesa taiwanês, a China utilizou 125 aviões militares nos exercícios em questão e 90 dos aparelhos, incluindo aviões de guerra, helicópteros e drones, foram vistos dentro da Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan.
Segundo Li Xi, porta-voz do Comando do Teatro Oriental do Exército Chinês, as manobras “foram bem-sucedidas e testaram exaustivamente as capacidades de combate das nossas tropas”. “As tropas estão sempre em alerta e continuarão a reforçar o seu treino e os seus preparativos com vista a impedir resolutamente as atividades separatistas de Taiwan”, declarou Li, acrescentando que os exercícios serviram como um “castigo” para os “atos separatistas” das autoridades da ilha.
Pequim refere-se às declarações proferidas na semana passada pelo presidente de Taiwan, William Lai, de que a China “não tem o direito de representar” a ilha. Palavras que não agradaram a Pequim, que já avisou que tomará novas medidas contra a ilha se “as forças secessionistas que procuram a independência continuarem a provocar”.
O primeiro-ministro do vizinho Japão, Shigeru Ishiba, assegurou que Tóquio esteve a acompanhar as manobras militares chinesas em torno de Taiwan e que o Japão está preparado para “qualquer evolução”. Já o ministro da Defesa nipónico, Gen Nakatani, referiu que as tropas japonesas tomaram as precauções necessárias para o caso de um míssil utilizado pela China durante as manobras cair em águas territoriais do Japão.
Também os Estados Unidos demonstraram “séria preocupação” face às manobras militares de Pequim ao largo de Taiwan, considerando os exercícios como provocações bélicas injustificadas com risco de agravamento. “Apelamos à República Popular da China para que atue com contenção e evite quaisquer outras ações suscetíveis de comprometer a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e em toda a região”, declarou Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, acrescentando que Washington continua a acompanhar as atividades de Pequim em coordenação com “aliados e parceiros” dos Estados Unidos.
Para Washington, a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan são essenciais para a prosperidade regional e constituem uma questão de interesse internacional, sendo que Miller sublinhou que os Estados Unidos reiteram a política “de longa data de uma só China, orientada pela Lei das Relações com Taiwan”.
Em resposta aos Estados Unidos, a diplomacia de Pequim reafirmou que a independência de Taiwan é “incompatível” com a paz, deixando claro que a China está empenhada na “paz e estabilidade na região”, algo que “todos os grandes países podem ver”. “Se os EUA estão interessados na paz entre os dois lados do Estreito de Taiwan, devem respeitar o princípio ‘uma só China’, não enviar sinais errados às forças pró-independência e deixar de fornecer armamento a Taiwan”, acrescentou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.
Da parte da União Europeia, um porta-voz do Serviço de Ação Externa referiu que os exercícios militares de Pequim “aumentam as tensões transfronteiriças” e que o bloco tem “interesse direto na preservação do statu quo de Taiwan” e “opõe-se a quaisquer ações unilaterais” que o alterem, “pela força ou coerção”.