"Ninguém de boa-fé poderia imaginar, supor, prometer, sugerir que a dimensão do problema, do drama, da desorganização nos sistemas de saúde se pudesse resolver em 60 dias, 70 ou 80. Sempre fomos claros: apresentámos um plano de emergência e de reorganização porque o problema é difícil e estrutural", defendeu o ministro da Presidência.
Esta posição foi assumida por António Leitão Amaro, em conferência de imprensa após um Conselho de Ministros, realizado no Campus XXI, em Lisboa, no qual foi questionado sobre a atual situação das urgências no país e o facto de apenas duas medidas do plano de emergência do Governo para a saúde estarem executadas.
Leitão Amaro salientou que o executivo minoritário PSD/CDS-PP sempre disse que as medidas deste plano "iam ser implementadas ao longo do tempo, em meses e anos, e que iriam produzir gradualmente resultados".
"A nossa expectativa e compromisso é o de trabalhar todos os dias para encontrar respostas para um problema tremendo que se agravou, se gerou, por 3.050 dias de incapacidade", lamentou.
Interrogado sobre o silêncio do Governo quanto ao tema, face às críticas da oposição, António Leitão Amaro lembrou que "há menos de uma semana" a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, esteve em Sete Rios, Lisboa, na abertura de um novo centro de atendimento clínico para pulseiras azuis e verdes argumentando que "isso é presença e proximidade".
O ministro afirmou que a situação encontrada na saúde "é muito difícil e muito delicada" em termos de organização, de escassez de recursos e incapacidade de resposta e insistiu que a resposta "não se faz, infelizmente, num dia".
"Problemas que são muito difíceis, que são extremamente dolorosos para os portugueses e que merecem da parte do Governo a maior das prioridades, resolvem-se com coragem, capacidade de fazer e, naturalmente, gradualmente ir apresentando resultados", sublinhou.
Leitão Amaro defendeu ainda que o Governo já conseguiu alguns resultados em cerca de quatro meses como o canal de atendimento direto para a grávida usando a Linha SNS24, o SNS Grávida, uma "melhoria nas listas de espera" ou a criação dos centros de atendimento clínico em Lisboa e no Porto (hoje anunciado em Conselho de Ministros) para acolher doentes com o objetivo de descongestionar urgências.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, visita hoje, acompanhado pelo Presidente da República e pela ministra da Saúde, o Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria, quando ainda há 1.500 doentes oncológicos a aguardar operação fora do tempo recomendado.