As denúncias feitas às 312 Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) existentes no país, referentes ao ano de 2023, não deixam margem para dúvidas. Em Portugal, a negligência passou a ser a principal razão das denúncias e das situações diagnosticadas que envolvem menores, passando a violência doméstica para segundo lugar, revela o sumário do relatório de Atividade da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e da Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) que ontem foi debatido no Encontro Anual que está a ser debatido no Encontro Anual deste organismo, na Covilhã.
Mas há outro dado novo, segundo o mesmo documento, o número de situações de perigo comunicadas às CPCJ (54 746) aumentou em 10,5% em relação a 2022, embora a presidente da CNPDPCJ, Rosário Farmhouse, diga que tal não significa que tenha havido, efetivamente, um aumento de situações de risco, mas que a sociedade em geral está mais atenta, não se remetendo ao silêncio.
Se olharmos para o balanço feito à atividade das comissões, pode dizer-se que, ao longo de 2023, estas movimentaram um total de 84196 processos de promoção e proteção, mais 7,70% do que em 2022, o que, refere o relatório, “confirma uma tendência crescente verificada desde 2020”.
No entanto, a este total é preciso subtrair 4685 processos referentes a situações de duplicação que envolvem a mesma criança ou jovem. Por isso, esclarece o documento, só “foram acompanhadas, efetivamente, 79 511 crianças e jovens”. O que, mesmo assim, corresponde a um aumento da ordem dos 6,7% de menores acompanhados face ao ano anterior.
Este sumário da atividade revela também que, dos 84196 processos movimentados inicialmente, 51764 foram abertos em 2023 (42622 novos e 9142 reabertos) e 32432 transitaram de 2022. As entidades que mais comunicam às CPCJ as situações de perigo são as Forças de Segurança (GNR e PSP), escolas e cidadãos.