Brasil
14 novembro 2024 às 01h41
Atualizado em 13 novembro 2024 às 23h25
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Homem que se explodiu na Praça dos Três Poderes anunciou ataque na internet

"Vocês têm 72 horas para desarmar a bomba, comunistas de merda", escreveu Francisco Wanderley Luiz, candidato a vereador em 2020 pelo partido de Bolsonaro.

Francisco Wanderley Luiz, identificado pela polícia como o homem que se fez explodir esta quarta-feira (já madrugada de quinta em Lisboa) perto do Supremo Tribunal Federal (STF), publicou uma hora antes do ataque à bomba uma série de ameaças à mais alta Corte do Brasil. Luiz, que foi candidato a vereador nas municipais de 2020 pelo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, divulgou prints que mandava a si próprio com recados, entretanto replicados pelo site Metrópoles.

“Vocês poderão comemorar a verdadeira proclamação da República”, diz uma das mensagens, a propósito de sexta-feira, dia 15, quando se comemora aquela data no Brasil.

"Vamos jogar??? Polícia Federal vocês têm 72 horas para desarmar a bomba que está na casa dos comunistas de merda: William Bonner, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin… Vocês quatro são velhos cebosos [sic] nojentos”, escreveu ele noutra publicação, referindo-se a um apresentador da TV Globo, a dois antigos presidentes e ao atual vice de Lula da Silva.

Noutra mensagem diz ainda que escolheu o dia 13 para lançar a bomba por não gostar do número - "13" é o número que o PT, de Lula, usa nas urnas eletrónicas no país. 

Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador de Rio do Sul, em Santa Catarina pelo Partido Liberal em 2020, sob o nome Tiü França, é o dono do carro carregado com fogos de artifício que explodiu, instantes antes da bomba que o matou em frente a Supremo, no estacionamento do Anexo IV da Câmara dos Deputados.

Testemunhas referiram duas explosões

Este carro justifica assim os testemunhos, momentos depois do incidente, dando conta de duas explosões “muito fortes” no intervalo de 20 segundos.

Outra testemunha disse que viu um homem a segurar uma mochila, acenou com o polegar levantado e atirou algo perto da estátua da Justiça, caindo depois.

A área foi isolada. As pessoas que estavam no edifício do STF foram retiradas do local. O presidente brasileiro, Lula da Silva, não estava nas imediações.

“Ao final da sessão do STF desta quarta-feira, dois fortes estrondos foram ouvidos e os ministros foram retirados do prédio em segurança. Os servidores e colaboradores do edifício-sede foram retirados por medida de cautela”, indica o STF.

O secretário de Segurança do Distrito Federal, Sandro Avelar, informou que a Esplanada dos Ministérios foi fechada. "Neste momento estamos a tentar entender o que aconteceu e estamos a enviar um efetivo muito grande do batalhão especial da PMDF para fechar parte da Esplanada", afirmou o responsável.

A Polícia Federal (PF) abriu inquérito.

O Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula da Silva, reagiu depois, numa nota enviada à imprensa, relembrando o ataque à Praça dos Tres Poderes: "Os gravíssimos fatos desta noite na Praça dos Três Poderes repetem o cenário, os alvos e a violência do 8 de janeiro. O carro com explosivos na Câmara dos Deputados é de um candidato a vereador do PL de Santa Catarina.  São muitos elementos que nos alertam para permanecer vigilantes em defesa da democracia. Sabemos quem são seus inimigos e saberemos defende-la mais uma vez.”