Ciência
29 março 2024 às 11h30
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Novas técnicas de ADN identificam restos mortais de familiares de George Washington

Este estudo apresenta um avanço significativo na identificação de restos mortais com ADN, algo que pode ser útil para a identificação de restos mortais de militares mortos em conflitos passados, desde a Segunda Guerra Mundial.

Novas técnicas de sequenciação de ADN permitiram identificar restos mortais de familiares do primeiro presidente norte-americano George Washington (1789-1797), podendo agora ser aplicado em soldados não identificados mortos em conflitos, de acordo com um estudo esta quinta-feira divulgado.

O artigo, publicado na revista iScience, conseguiu confirmar a consanguinidade com Washington de restos mortais não identificados no cemitério da família Harewood, em Charles Town (Virgínia Ocidental).

As descobertas são o resultado de uma investigação realizada pela cientista forense do Laboratório de Identificação de ADN das Forças Armadas dos EUA, na Base Aérea de Dover, Courtney Cavagnino, e pela vice-diretora de operações de ADN do Departamento de Defesa, Charla Marshall.

"A capacidade de analisar amostras históricas, como os restos do Cemitério de Harewood, permite-nos avaliar e melhorar metodologias aplicadas a vestígios históricos frequentemente degradados", sublinhou Cavagnino, citada pela agência Efe.

A investigação permitiu identificar "com sucesso" os restos mortais dos sobrinhos-netos do ex-presidente, Samuel Walter Washington e George Steptoe Washington Jr., e os da sua mãe, Lucy Payne Washington.

Neste caso, mesmo com a degradação, as identidades foram confirmadas através de uma série de testes de ADN nos restos mortais dos sobrinhos-netos e da mãe, juntamente com uma análise genética de um descendente vivo de Washington.

Os métodos incluíram análise de ADN do cromossoma Y para avaliar as relações paternas, sequenciamento de ADN mitocondrial para avaliar as relações maternas e um método recentemente desenvolvido para analisar dados de sequenciamento de próxima geração (NGS).

Segundo a publicação, as comparações de parentesco entre o descendente vivo e os três indivíduos enterrados previam um grau de parentesco mais próximo do que o esperado, facto que diz respeito aos casamentos habituais entre primos cruzados na árvore genealógica do primeiro presidente dos Estados Unidos.

O estudo apresenta um avanço significativo na identificação de restos mortais com ADN, algo que pode ser útil para a identificação de restos mortais de militares mortos em conflitos passados, desde a Segunda Guerra Mundial.

Mas as suas implicações são mais amplas, uma vez que - como aponta a publicação - espera-se que as identificações por ADN melhorem significativamente nos casos em que o referido material genético esteja "severamente degradado".

"O nosso laboratório está atualmente a validar estes novos métodos para uso em casos de rotina", realçou Marshall à revista iScience.

Até agora era difícil classificar os restos mortais degradados de pessoas, especialmente aqueles preservados com técnicas de embalsamamento.

Neste sentido, os investigadores apontam que as técnicas recentemente desenvolvidas podem abrir a porta à identificação de casos difíceis, em particular de soldados perdidos em conflitos que, hoje, apresentam ADN muito deteriorado.