Anunciou o Ministério da Saúde
12 julho 2024 às 09h27
Atualizado em 12 julho 2024 às 10h23
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Governo nomeia Sérgio Dias Janeiro como novo presidente do INEM

Atual diretor do serviço de Medicina Interna do Hospital das Forças Armadas, o tenente-coronel médico Sérgio Dias Janeiro foi nomeado pelo Ministério da Saúde para presidir o INEM, "em regime de substituição por 60 dias", após a demissão de Vítor Almeida.

O Ministério da Saúde anunciou esta sexta-feira que Sérgio Dias Janeiro foi nomeado para ser o novo presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). 

Em comunicado enviado às redações, o ministério tutelado por Ana Paula Martins confirmou que o médico anestesista Vítor Almeida já não vai ser o presidente do Conselho Diretivo do INEM, após ter sido nomeado há uma semana pelo Governo.

O Executivo explicou que, "nos contactos com a tutela durante a última semana, Vítor Almeida concluiu que não estavam reunidas as condições para assumir a presidência do INEM, por razões profissionais e face ao contexto atual do instituto".

"Perante estas circunstâncias, o Governo decidiu nomear Sérgio Agostinho Dias Janeiro para presidente do INEM, em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo", lê-se na nota. Será agora aberto um concurso junto da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP).

Atual diretor do serviço de Medicina Interna do Hospital das Forças Armadas, onde, de 2022 a 2023, ocupou o cargo de diretor clínico do Serviço de Urgência, o tenente-coronel médico Sérgio Dias Janeiro nasceu em Vale de Cambra, em 1981, e licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, tendo feito a Formação Militar Complementar ao Curso de Medicina para o Exército, na Academia Militar, no curso de 1999-2006, conforme indica o Ministério da Saúde. 

Membro da Ordem dos Médicos desde 2006 e do Colégio da Especialidade de Medicina Interna desde 2014, Sérgio Dias Janeiro tem ainda no currículo o curso de paraquedismo militar, de Advanced Trauma Life Support (ATLS) e Medical Response to Major Incidents (MRMI), além dos cursos certificados pelo INEM de Viatura Médica de Emergência e Reanimação para Médicos, Médico Regulador do Centro de Orientação de Doentes Urgentes e Curso de Fisiologia de Voo e Segurança em Heliportos.

Médico especialista em Medicina Interna, o novo presidente do INEM foi também diretor de curso de Suporte Avançado de Vida (SAV) e formador do European Trauma Course (ETC) e do Tactical Combat Casualty Care (TCCC).

No perfil divulgado pelo Minisério da Saúde é ainda referido que Sérgio Dias Janeiro cumpriu uma comissão em operações NATO no Afeganistão, no Medical Advisor da Operational Mentoring and Liaison Team.

Sérgio Dias Janeiro foi agora nomeado para a presidência do INEM, depois de o anterior nomeado, Vitor Almeida, ter voltado atrás na decisão de aceitar o cargo, confirmou o ministério.

Vitor Almeida tinha sido nomeado no dia 4 de julho para a presidência do INEM, segundo a tutela, depois de Luís Meira se ter demitido do cargo na sequência da polémica com o concurso dos helicópteros de emergência médica.

Luís Meira demitiu-se no dia 1 de julho na sequência de uma troca de acusações sobre o concurso para o serviço de transporte aéreo de doentes.

Na véspera, o Ministério da Saúde tinha criticado o INEM por ter deixado terminar o prazo para o lançamento do concurso público internacional para aquisição de helicópteros, obrigando a novo ajuste direto.

Em resposta, o INEM garantiu que iria "assegurar a continuidade do serviço de helicópteros de emergência médica através de um novo contrato estabelecido com o atual operador, dentro do valor autorizado pelo anterior Governo em outubro de 2023".

Já antes de Sérgio Dias Janeiro houve outros militares a liderar o INEM, nomeadamente Abílio Gomes e Paulo Campos. Aliás, o seu fundador era militar: Francisco Filipe Rocha da Silva.

Técnicos de emergência pré-hospitalar pedem estabilidade no INEM

O sindicato dos técnicos de emergência pré-hospitalar (STEPH) manifestou-se, entretanto, surpreendido com a reviravolta na nomeação do presidente do INEM e pediu estabilidade na instituição.

Numa reação enviada à Lusa após o recuo de Vítor Almeida e nomeação de Sérgio Dias Janeiro como presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o Sindicato diz que a instituição "precisa de estabilidade e [que] estes episódios não contribuem para que os profissionais se sintam seguros num futuro certo".

Na reação, o STEPH recorda as suas reivindicações, nomeadamente a revisão da carreira com ajuste ao índice remuneratório, "sem o qual o concurso anunciado para 200 Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar não atrairá candidatos".

"Aguardamos que sejam anunciadas medidas que deem resposta às nossas reivindicações e que possam trazer estabilidade ao INEM", indica o sindicato, pedindo "respostas concretas" e não instabilidade.

Associação dos Técnicos de Emergência Médica saúda nomeação de novo presidente do INEM

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM) saudou a nomeação de Sérgio Dias Janeiro como presidente do INEM, alertando que o instituto "precisa urgentemente de um rumo".

"Temos grandes expectativas, relembrando que o criador e primeiro presidente do INEM, IP, era militar (Dr. Francisco Rocha da Silva)", refere em comunicado.

A ANTEM adianta que o seu "forte empenho no que diz respeito aos serviços médicos de emergência", leva a associação "a lamentar o sucedido, atendendo a que o Instituto Nacional de Emergência Médica, precisa urgentemente de um rumo".

"Rumo esse que o Ministério da Saúde já sem medos referiu diversas vezes ser necessário, necessidade essa com a qual partilhamos da preocupação", sustenta.

A Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica reitera que o anterior indigitado Vítor Almeida "não é detentor do perfil adequado para o cargo de presidente do INEM", o que diz que "se veio a comprovar".

O Ministério da Saúde disse hoje, em comunicado, que "nos contactos com a tutela durante a última semana", o médico anestesista Vitor Almeida "concluiu que não estavam reunidas as condições para assumir a presidência do INEM, por razões profissionais e face ao contexto atual do instituto".

Com Lusa