Energia
13 março 2024 às 07h13
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Fatura da eletricidade teve um aumento superior a 18% num ano

A inflação de fevereiro abrandou para 2,1%, mas o preço da luz ficou mais elevado. Já o gás caiu. Na alimentação, peixe, leite e hortaliças baixaram, mas fruta e carne estão mais caras.

A taxa de inflação homóloga em Portugal abrandou para os 2,1% em fevereiro, revelou o Instituto Nacional de Estatística, confirmando a descida de 0,2 pontos percentuais em relação a janeiro, mas a pressão sobre a carteira das famílias mantém-se elevada, sobretudo no que à alimentação e energia diz respeito. Os números do INE mostram que os preços da eletricidade aumentaram 18,3% e o dos combustíveis 3,4%, comparativamente a fevereiro de 2023. Em sentido contrário, destaque para a descida de 18,7% do preço do gás.

Não admira, por isso, que a variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC) relativo aos produtos energéticos tenha aumentado para 4,3%, enquanto o dos produtos alimentares não transformados desacelerou para 0,8%, “parcialmente em consequência do efeito de base associado ao aumento de preços registado em fevereiro de 2023”, lembra o INE. Ou seja, perante subidas tão elevadas de preços em fevereiro do ano passado, os aumentos atuais acabam por se notar menos.

Em termos de produtos, diz o INE que as classes que mais contribuíram, em fevereiro, para a subida homóloga da inflação foram a Habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, com um aumento de 5,7%; os Restaurantes e hotéis, que registaram um agravamento de 6,1%; e os Transportes, cujos preços sofreram um agravamento de 3,18% face a fevereiro de 2023.

Mas um olhar mais fino sobre o IPC permite-nos perceber que as rendas, em Portugal, cresceram 6,5%, enquanto o preço da água e do saneamento subiu 4,25% e 2,78%, respetivamente, e o custo da recolha de lixo se agravou 11,9%.

Já os combustíveis aumentaram 3,4%, com os custos dos transportes a sofrerem agravamentos homólogos de 4,72% nos comboios e de 2,1% no transporte rodoviário de passageiros.

Pedro Silva, especialista em energia da Deco Proteste, assume desconhecer a base de cálculo utilizada pelo INE, mas reconhece que “existiram alterações significativas em contratos vigentes em janeiro de 2024, os aumentos de 2 dígitos podem, de facto, ter ocorrido e devem motivar os consumidores a optar por tarifas mais económicas e adaptadas ao seu perfil de consumo”. Os dados da Deco Proteste mostram que só 18% dos consumidores com contrato de eletricidade e 10% dos que têm contrato dual, ou seja, de eletricidade e gás natural, mudaram de comercializador nos últimos 12 meses. 

“Relembramos que são quase inexistentes as tarifas com cláusulas de fidelização neste mercado e que o consumidor pode mudar de tarifa sempre que quiser, de forma gratuita e célere. O nosso conselho é para que os consumidores utilizem o nosso simulador e verifiquem qual a tarifa mais adequada para o seu caso, sendo o aumento da fatura em virtude de revisões nos atuais contratos algo a que devem estar atentos e mudar sempre que entenderem”, refere. 

Comer está também mais caro do que há um ano. O agravamento total dos preços na classe de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas foi de 0,8% em termos homólogos, uma taxa que esconde evoluções diferenciadas consoante os produtos. As frutas estão 3,22% mais caras do que há um ano e os óleos e gorduras, classe onde se insere o azeite, cujo preço subiu 69% num ano, registaram um agravamento total de 2,38%. A carne subiu 1,68%, em linha com os aumentos dos preços das águas e refrigerantes e do café, chá e cacau. O pão e os cereais subiram 0,7%, mas o peixe está 0,11% mais barato do que há um ano, o leite, queijo e ovos custam menos 1,6% e as hortaliças menos 1,8%.

Na comparação com o mês de janeiro de 2024, refere o INE que a inflação foi nula. Aqui, a classe com maior contributo positivo para a taxa de variação mensal do Índice total de Preços no Consumidor foi a das Comunicações, com um aumento de 5,7% face a janeiro. Em sentido inverso, a classe com maior contributo negativo para a variação mensal da inflação foi a do Vestuário e Calçado, que registou uma descida de 6,7% face a janeiro - sendo que, em janeiro havia descido 15,3% em relação a dezembro -, “refletindo o habitual período de descontos de fim de coleção”, sublinha o INE.

ilidia.pinto@dinheirovivo.pt