Vai opor-se à extradição
07 outubro 2024 às 21h22
Atualizado em 08 outubro 2024 às 00h44
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Extradição de Fábio “Cigano” de Marrocos é provável, mas não está garantida

Lei prevê que os detidos se possam opor à extradição e é isso que Fábio Loureiro vai fazer. Última palavra será sempre da justiça de Marrocos, país onde um dos cinco fugitivos foi detido na noite de domingo.

Exatamente um mês depois da fuga, Fábio “Cigano” Loureiro foi detido em Marrocos. Escapado de Vale de Judeus com mais quatro reclusos (estes ainda em parte incerta), Fábio era um dos que cumpria uma das penas mais pesadas. Foi apanhado em Tânger, estando “mais magro, sem barba e quase irreconhecível”, numa operação de cooperação internacional entre PJ e as polícias espanhola e marroquina.

Desde 2009, Portugal e Marrocos têm acordos de extradição, o que significa que Fábio Loureiro deverá regressar ao nosso país. Mas o processo ainda pode demorar. Primeiro, terá de ser presente a um juiz num tribunal marroquino. Só depois poderá ser extraditado, podendo sê-lo por duas vias: ou através da diplomacia ou, então, pela Interpol. Tendo em conta que foi emitido uma “notícia vermelha” junto desta polícia e, também, um mandado de detenção internacional, a convicção é a de que Fábio Loureiro é para extraditar, algo reiterado pela própria PJ em comunicado. 

Certo é que, de acordo com fonte ligada à defesa citada pela Lusa, Fábio Loureiro vai "opor-se à extradição para Portugal", sendo esta terça-feira será representando por um advogado marroquino para tentar evitar o regresso a território nacional para cumprir pena. Ainda assim, a mesma fonte não adiantou, para já, os fundamentos que serão apresentados para contestar o pedido de extradição formulado pelas autoridades portugueses.

No entanto, o desfecho não está dependente dele, mas sim da ponderação da justiça marroquina.

Só depois de todo este processo é que se poderá proceder, então, à extraditação do recluso.

Quando voltar a Portugal, é provável que seja colocado na prisão de Monsanto, a única de segurança máxima -  onde Fábio já tinha estado, e de onde também já tentara fugir.

Autoridades tinham namorada sob vigilância

A detenção foi consumada na noite de domingo, pelas 22.00 horas, numa rua de Tânger, perto de onde aportam os barcos provenientes de Algeciras, Espanha.

A operação policial foi rápida e eficaz, tendo sido acionada depois da namorada de Fábio Loureiro ter comprado um bilhete para Tânger. A mulher estava sob vigilância desde o dia da evasão dos cinco reclusos de Vale de Judeus e as autoridades acabaram por seguir a pista, que as levou diretamente ao suspeito.  Em todo este processo, teve a ajuda de outro português, que foi primeiro para Marrocos, onde preparou tudo para receber Fábio. Foram ambos detidos e, sabe o DN, o cúmplice já tinha ligações ao tráfico de droga e estava referenciado pela Polícia Judiciária.

Fábio Loureiro está preso desde 2014. Condenado a 45 anos, só pode cumprir 25 devido à limitação de penas. Foi condenado pelos “crimes de rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa, roubo à mão armada e evasão”, acrescentou a PJ. Caso o pedido de extradição seja aceite, o recluso será julgado agora pelo crime de evasão, cuja pena, segundo o Código Penal, pode ir até aos dois anos e não faz cúmulo jurídico com aquelas a que já foi condenado. Ou seja: ser-lhe-á imputada uma nova, que terá de cumprir, para lá dos 25 anos, o que significa que a data de saída da prisão será alargada.