De norte a sul, são cada vez mais os muncípios a aderirem à solução de transporte coletivo conhecido como BRT (Bus Rapid Transit). Porto, Braga e Coimbra são exemplos de três cidades com projetos em campo nesse sentido, com uma via dedicada ao transporte público de frequência rápida. Na região de Lisboa, os municípios de Oeiras e de Cascais também já anunciaram a intenção de pressionar uma solução idêntica para a autoestrada Lisboa- Cascais (A5) e estará também a ser equacionada para substituir o metro a sul do Tejo. Afinal, qual é o grande mérito do BRT, também conhecido como metrobus, e porque parece estar a levar a melhor face ao investimento em infraestuturas de transporte urbano mais convencionais, como o metro e o comboio?
O custo “significativamente mais baixo” do que a alternativa ferroviária ou metro subterrâneo é apontado como uma das maiores vantagens e razões da preferência por este modelo, concordaram os convidados da terceira MobiConversa, no âmbito do Portugal Mobi Summit. Afinal, estamos a falar de uma relação de um para dez nos custos de investimento, como refere Tiago Braga, presidente da Metro do Porto. “Enquanto o BRT custa, em média, 9 milhões de euros por km, já incluindo o material circulante, a solução subterrânea chega aos 90 milhões de euros de investimento por quilómetro”, diz Tiago Braga, referindo-se aos estudos para o Metro do Porto.
Só esta dimensão poderia justificar a opção, num cenário de escassez de recursos públicos. Mas esse está longe de ser o único fator determinante. A rapidez de execução da obra e menor complexidade da mesma é também um fator de peso, sobretudo quando estamos cada vez mais perto da meta de reduzir em 60% as emissões de gases com efeito de estufa até 2030, consideram os seus defensores. A lógica subjacente é a utilização de veículos movidos a energias limpas.
Para Tiago Braga há que ser pragmático: “Se quisermos alcançar a meta de descarbonização até 2030 vamos ter de apostar massivamente no transporte coletivo, mas para obter esses resultados, num curto prazo de execução, já só conseguimos lá chegar com um investimento muito significativo em BRT”. Na sua opinião, é certo que o investimento deverá ser complementado com outras soluções. Neste momento, adiantou, para além da Linha Amarela e da Linha Rubi “há um investimento de cerca de mil milhões de euros em carteira pela Metro do Porto” (Gondomar, Trofa, Maia, São Mamede) e é preciso continuar a investir no transporte pesado. “A questão é que, do ponto de vista de cidades médias, a solução do metrobus parece ser a mais adequada”, disse, “quer pelo lado do custo de investimento quer pela celeridade de investimento”.