O antigo primeiro-ministro social-democrata Pedro Passos Coelho voltou ontem a ligar a imigração a problemas de segurança e deixou vários recados à anterior governação socialista, sob a forma de crítica, que foram desde a extinção do SEF atá à mudança do símbolo da República, entretanto recuperado pelo atual Governo da AD.
Pedro Passos Coelho apresentava o livro Identidade e Família, na livraria Buchholz, em Lisboa, quando recuperou o tema da imigração associado a problemas de segurança, o que em fevereiro tinha provocado algumas críticas ao antigo governante. “Eu sei que há pessoas muito sensíveis e que acham que um ex-primeiro-ministro não pode misturar, na mesma frase, imigração e segurança, apesar de uma parte significativa das políticas públicas que tratam das questões da imigração estarem no sistema de segurança interna”, afirmou Passos Coelho, acrescentando que “a imigração não se reduz a problemas de segurança, mas há problemas de segurança que têm de ser calculados”. Apesar dos alertas deixados para a imigração, o ex-governante apelou a que não se confundisse “isto com qualquer noção de que os imigrantes não são bem-vindos ”, lembrando que Portugal “é ele próprio uma sociedade em resultado de uma miscigenação muito forte”.
Entre a audiência de Pedro Passos Coelho estavam várias figuras da direita, como o ministro da Defesa, Nuno Melo, os deputados do Chega André Ventura, Diogo Pacheco de Amorim e Rita Matias, para além dos autores dos textos que compõem o livro e que é uma apologia ao conceito de família natural, de acordo com o coordenador da obra, o antigo ministro do Trabalho António Bagão Félix.
No final da apresentação, depois de uma manifestação que juntou no local cerca de 15 ativistas pelo “transfeminismo”, que desmobilizaram ao fim de poucos minutos, André Ventura classificou o discurso de Passos Coelho como “mais próximo até do Chega do que do atual PSD”. “Acho que este discurso marcou um bom momento para essa convergência, talvez até permita um candidato presidencial”, disse Ventura, deixando uma pergunta retórica: “Porque não o Pedro Passos Coelho?”