Evento
29 abril 2024 às 07h11
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Anacom e ERC regressam ao congresso das comunicações

As duas entidades reguladoras regressam, com novas lideranças, ao Digital Business Congress, promovido pela APDC, após 5 anos de ausências. Congresso é nos próximos dias 14 e 15.

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) estão de regresso ao histórico congresso das comunicações da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC).

O presidente da APDC descarta qualquer questão com estas duas entidades, garantindo ao DN/Dinheiro Vivo que a Anacom e a ERC são “habitualmente” convidadas a participar no Digital Business Congress. “Com exceção de um ou outro ano, em que, por razões de agenda ou por razões de programa, não foi possível contar com essa participação, é sempre com muito interesse que fazemos o convite”, acrescenta Rogério Carapuça, realçando existirem “as melhores relações” entre a APDC e os dois reguladores.

As duas entidades reguladoras participaram, pela última vez, no congresso em 2019. A edição de 2020 não ocorreu por causa da pandemia de covid-19 e, em 2021, a ERC não participou por uma questão de agendamento.

Já a ausência da Anacom ter-se-á ficado a dever ao leilão do 5G, que ainda decorria nos dias em que o congresso das comunicações se realizava, embora o regulador das comunicações não tenha sido convidado. Refira-se, aliás, que naquela edição também não ocorreu o tradicional painel que reúne os líderes de Altice, NOS e Vodafone.

Em 2022, a ausência das duas autoridades regulatórias foi justificada pela organização com a decisão de “reconfigurar a agenda do congresso” e centrá-la nos operadores e indústria.
No ano seguinte, as duas entidades voltaram a não figurar no programa, embora os temas da regulação tenham sido abordados no evento por governantes e gestores das principais empresas de media e de telecomunicações.

O regresso da ERC e da Anacom ao Digital Business Congress também levou a APDC a recuperar um formato de participação. Na 33.ª edição do congresso da APDC, Sandra Maximiano, presidente da Anacom, e Carla Martins, vogal do conselho regulador da ERC, serão keynote speakers [oradoras principais] nos dois painéis mais importantes do evento, que reúnem, respetivamente, os presidentes dos operadores históricos e os dois maiores grupos de media.

“O modelo que, habitualmente, utilizamos nos nossos congressos é o de ter o líder de cada regulador como keynote, imediatamente antes do debate entre os CEO dos players  do setor das comunicações e dos media. É esse também o formato deste ano e tem sido o formato mais usado no passado, com uma ou outra exceção pontual”, garante Rogério Carapuça.

Consultando os programas de edições anteriores, é preciso recuar a 2018 para encontrar a última vez que um representante máximo da Anacom ou da ERC falou imediatamente antes dos líderes das principais empresas dos setores que regulam. Naquele ano, a Anacom era liderada por João Cadete de Matos e a ERC por Sebastião Póvoas. Por exemplo, na edição de 2019 - a última em que a Anacom esteve presente -, Cadete de Matos participou no primeiro dia do congresso, na sessão de abertura.

Diferentes fontes do setor admitem que - considerando a relação crispada entre os operadores históricos e a Anacom nos últimos anos, sobretudo por causa do leilão do 5G, que levou a uma elevada litigância - o congresso da APDC, no qual os operadores de telecomunicações são patrocinadores premium, passou, a dado momento da liderança de Cadete de Matos (2017-2023), a ser um reflexo do estado das relações entre regulador e empresas reguladas. Por esse motivo, também admitem que o regresso da Anacom ao congresso, agora sob a direção de Sandra Maximiano, confirma uma nova fase na relação entre regulador e telecoms. 

Também a ERC regressa ao congresso das comunicações com uma nova liderança.

Numa recente entrevista publicada pela revista setorial da APDC, a nova presidente da Anacom revela que tem reunido “toda a gente”, de operadores a associações de consumidores. E garante haver “muita recetividade”. “Como havia muita tensão, muita falta de diálogo, também havia muita expectativa de tornar este diálogo eficaz.”

Sobre a relação entre os operadores e regulador, Rogério Carapuça esclarece que se trata “de uma matéria em que a APDC não intervém”.

“O papel da APDC é promover a discussão dos temas mais relevantes para o nosso setor, ouvir a opinião de especialistas e promover debates e iniciativas diversas, que contribuam para o desenvolvimento desse mesmo setor”, defende o presidente da APDC, notando que, no caso da Anacom, a relação “sempre foi frutuosa”, tendo “cada uma das partes participado sempre em eventos organizados pela outra”.

A 33.ª edição do Digital Business Congress  realiza-se nos dias 14 e 15 de maio, em Lisboa, sendo o evento presidido por Arlindo Oliveira, professor catedrático do Instituto Superior Técnico e especialista em Inteligência Artificial. Segundo Rogério Carapuça, a edição deste ano é dedicada “às novas tendências tecnológicas, nomeadamente no campo da Inteligência Artificial (IA) e do impacto que terá nos negócios, em particular, no nosso setor e nos clientes que as nossas empresas servem”.

“Queremos discutir a forma como a adoção da IA irá acelerar a transformação digital dos negócios, a produtividade no trabalho ou o recrutamento e formação de talento, entre outros temas”, afirma o presidente da APDC, lembrando que o congresso de 2024 coincide com a celebração dos 40 anos de atividade da associação.

jose.rodrigues@dinheirovivo.pt