Depois da corrida aos resgates dos Planos Poupança Reforma (PPR) no último ano, motivada pelo regime excecional que permite o reembolso sem penalizações para fazer face aos custos com o crédito à habitação, as famílias voltaram a engordar as poupanças destes instrumentos financeiros nos últimos meses.
Entre janeiro e setembro, o valor da produção dos seguros PPR totalizou 1148 milhões de euros, uma subida de 60% face ao período homólogo, de acordo com os dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) cedidos ao DN. Contas feitas, foram alocados mais 433 milhões de euros nestes produtos de poupança de longo prazo quando comparado com os primeiros nove meses de 2023. Ou seja, por dia entraram 4,2 milhões de euros em novas aplicações.
Para o economista da Deco Proteste, António Ribeiro, é claro que se verifica um cenário de regresso à poupança de longo prazo destinada à reforma. “Por um lado, a situação da crise da inflação está a estabilizar e, por outro, há uma maior consciência da importância desse mealheiro de longo prazo destinado à reforma”, aponta.
O especialista recorda que a criação, no final de 2022, de três medidas excecionais de resgate dos PPR, que vigoram até ao final deste ano, motivou a retirada de dinheiro dos PPR, gerando uma perda de interesse na poupança de longo prazo.
“As famílias que estavam em maior aperto financeiro procederam ao resgate, logo em 2023, e poderão até ter ficado sem essas reservas. Naturalmente, este ano, além de uma consciencialização maior de que estariam a eliminar estas reservas, terá havido maior ponderação na decisão de resgatar ou não. Além disso, o problema que gerou essas dificuldades financeiras, a elevada inflação, foi sendo controlado ao longo deste ano”, justifica.