Anúncio feito pela ministra da Saúde
10 julho 2024 às 10h47
Atualizado em 10 julho 2024 às 11h24
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Inspeção-Geral da Saúde vai fazer auditoria ao INEM e peritos vão estudar refundação do instituto

Luís Meira demitiu-se do cargo de presidente do INEM no início do mês, na sequência de uma troca de acusações sobre o concurso para o serviço de transporte aéreo de doentes.

O Governo pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) uma auditoria de natureza técnica sobre os indicadores de resultado da resposta do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), anunciou hoje a ministra da Saúde.

Ana Paula Martins, que está a ser ouvida na Comissão Parlamentar de Saúde, respondia a perguntas dos deputados sobre se já tinha resultados da auditoria administrativa aberta ao INEM.

"Pensamos ser prudente, sensato e necessário, acima de tudo, juntar-lhe uma auditoria de natureza técnica, ou seja, uma bolsa de peritos técnicos que pudessem também olhar para os indicadores de resultado, nomeadamente de inoperabilidade, os indicadores de tempo de resposta tardia, mesmo em termos de transporte até ao hospital".

Em avaliação estará "tudo aquilo que os especialistas de emergência médica consideram que são indicadores de qualidade na emergência pré-hospitalar", explicou a governante.

A auditoria será feita e conduzida pela IGAS, "com bolsas de peritos das várias áreas".

Ministra anuncia grupo de peritos independentes para estudar refundação do INEM

Entretanto, a ministra da Saúde anunciou esta quarta-feira a constituição de uma comissão de peritos independentes e com experiência em urgência e emergência médica para analisar como se poderá refundar o INEM.

"Não é só a questão do financiamento. É também uma questão de governação", disse Ana Paula Martins na Comissão Parlamentar de Saúde.

A ministra lembrou que o INEM teve anteriormente verbas cativadas do que vinha do financiamento dos seguros e "foi gerido com parte desse financiamento, com valor muito abaixo do que precisava".

Disse também que as divergências com o presidente do INEM demissionário tiveram sempre como base o lançamento do concurso público para a prestação de serviço de helicópteros de emergência médica.

"Não creio que estejamos a mentir. E acredito que o presidente do INEM também não", disse, quando questionada sobre quem estava a mentir pois as versões divulgadas quanto a esta matéria pelo Ministério da Saúde e pelo INEM foram divergentes.

Voltou a insistir que o anterior governo, através de uma resolução de conselho de ministros, habilitou o INEM a abrir concurso relativamente ao transporte aéreo de doentes, para cinco anos, no valor 12 milhões de euros, e que os dois concorrentes que apareceram apresentaram valores superiores.

"Já nessa altura, ainda no anterior governo, o presidente do INEM identificou a necessidade de que o valor sofresse um aumento significativo para 15 ou 18 milhões de euros", acrescentou.

A este respeito, disse que este Governo tem diversas razões para que este valor não aumente: "A primeira das quais porque, desde logo, governando com o Orçamento do Estado de 2024 não temos cabimentado valor para tal".

Depois - continuou -, apesar das reticências do Tribunal de Contas quanto ao primeiro ajuste direto feito pelo INEM relativamente aos helicópteros de emergência médica, "esse ajuste estava feito para seis meses e previa que durante esse periodo fosse aberto novo concurso".

"Nunca impedimos o Conselho de Administração do INEM - que tem autonomia - nem demos qualquer orientação de não haver outro concurso. Tínhamos todos consciência de que teríamos de encontrar solução, por um lado, através de concurso internacional, eventualmente com caderno encargos redefinido", afirmou.

Disse que o Ministério da Saúde manteve conversações com a Força Aérea "a um nível governamental", para tentar uma resposta "para acautelar o futuro": "Não me parece algo que pudesse impedir o atual presidente do INEM de encetar outro tipo de esforços".

Aprovada audição do presidente demissionário do INEM

A comissão parlamentar de Saúde aprovou esta quarta-feira por unanimidade a audição com caráter de urgência do presidente demissionário do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) sobre a polémica com os helicópteros de emergência médica.

O requerimento para a audição do presidente demissionário do INEM, Luís Meira, tinha sido apresentado pelo PS, que pedira também para ouvir a ministra da Saúde para esclarecer "posições contraditórias e conflituantes" sobre a compra de helicópteros de emergência médica.

O pedido de audição da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, acabou por não ser votado porque a ministra é hoje ouvida na comissão de Saúde, pelo que os partidos pretendem questioná-la já hoje sobre o tema dos helicópteros do INEM.

Luís Meira demitiu-se no dia 1 de julho na sequência de uma troca de acusações sobre o concurso para o serviço de transporte aéreo de doentes.

Na véspera, o Ministério da Saúde tinha criticado o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) por ter deixado terminar o prazo para o lançamento do concurso público internacional para aquisição de helicópteros, obrigando a novo ajuste direto.

Em resposta, o INEM garantiu que iria "assegurar a continuidade do serviço de helicópteros de emergência médica através de um novo contrato estabelecido com o atual operador, dentro do valor autorizado pelo anterior Governo em outubro de 2023".