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Empresas
26 outubro 2024 às 00h01
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Dois terços das empresas tiveram lucros em 2023 num total de 35,5 mil milhões

O setor empresarial registou uma faturação agregada de 435 mil milhões de euros, um aumento de 2,5%, e lucros de 35,5 mil milhões. Dados da Informa D&B referem-se às 371 mil empresas, públicas e privadas, com contas publicadas em 2022 e 2023, e conclui que metade aumentou vendas.

Dois terços das empresas portuguesas registaram lucros em 2023, sendo que os resultados líquidos agregados cresceram 12,2% face ao ano anterior. No total, o tecido empresarial português registou, no ano passado, 35,5 mil milhões de euros de resultados líquidos. 

Estes são dados da Informa D&B que analisou os resultados das cerca de 371 mil empresas nacionais com informação publicada e concluiu que mais de metade delas, 57%, viram as suas vendas aumentar em 2023. O universo considerado inclui o setor público e privado, mas não a Banca e os Seguros.

De acordo com a análise em causa, metade das empresas registaram um crescimento nos resultados líquidos em 2023, “dando continuidade aos aumentos expressivos” de 2021 e 2022, destaca a Informa D&B, que assinala, ainda, que a subida foi “transversal a quase todos os setores”, com destaque para as energias, serviços empresariais e indústrias. Nas descidas, a consultora realça os setores grossista e dos transportes, sendo que este último foi mesmo aquele onde menos empresas tiveram lucros.

Em termos de volume de negócios, mais de metade das empresas registaram um crescimento em 2023, embora substancialmente menos expressivo do que nos dois anos anteriores: mais 2,5%, o que corresponde a um aumento de 10,6 mil milhões de euros. 

No total, a faturação agregada foi de 435 mil milhões, impulsionada pela boa performance das pequenas e médias empresas, que registaram aumentos de 8,6% e de 7%, respetivamente, face ao ano anterior. Nas microempresas, o acréscimo foi de 2,3%. Já as grandes empresas inverteram a tendência dos últimos dois anos, muito marcados pela recuperação pós-pandémica, e registaram uma redução de 1,2% no seu volume de negócios.

Refere a Informa D&B que o aumento das vendas é transversal “à maioria dos setores de atividade”, com especial destaque para o alojamento e restauração (´18%), serviços gerais (+14%) e serviços empresariais (+13%). Do lado oposto, os setores da energia e ambiente (-14%), grossista (-3,8%) e indústrias (-3,3%). 

“O desempenho das empresas em 2023 deixa alguns dados que merecem uma atenção particular. Por um lado, a queda nas exportações, em especial de bens e no mercado comunitário. Os negócios com o exterior recuaram de forma ligeira, mas suficiente para mostrar a dependência do desempenho das empresas face a este indicador”, diz a Informa D&B, sublinhando que “as exportações estimularam o crescimento de muitas empresas nos dois anos anteriores e, em períodos mais conturbados e de menor procura interna, permitiram diversificar o risco por vários mercados”. 

Já a nível setorial, frisa a consultora, é notório o crescimento “mais robusto” das atividades relacionadas com o turismo. “Sendo certo que o turismo representa uma grande oportunidade e uma vantagem competitiva para o país, seria interessante ver surgir outras atividades igualmente pujantes e com uma perspetiva de crescimento também no longo prazo”, sustenta.

De facto, as atividades ligadas ao turismo tiveram os crescimentos de vendas mais significativos em 2023, com o alojamento de curta duração a aumentar o volume de negócios em 25,5% e os serviços turísticos a crescerem 21%. Os negócios ligados ao transporte aéreo cresceram 20,6% e a hotelaria e turismo rural 19,8%.

Exportações caíram, emprego cresce há 3 anos

Importante a ter em conta é que mais de metade das empresas exportadoras (51%) viram o seu volume de negócios com o exterior crescer, apesar da quebra total as exportações nacionais de 1,7% em 2023. Os mercados externos representaram, no ano passado, 20% do total da faturação das empresas portuguesas. O decréscimo nas exportações foi compensado pelo crescimento de 3,6% do mercado interno.

Em termos de emprego, quase dois terços das empresas mantiveram o mesmo número de trabalhadores. Apesar disso, o emprego total nas empresas cresceu 4,7%, à boleia do desenvolvimento de setores como os serviços empresariais, alojamento e restauração e construção. E apesar de só 21% das empresas terem aumentado o número de trabalhadores, os custos com o pessoal cresceram em 60% das entidades.

Destaca a Informa D&B que o aumento global dos custos com o pessoal foi de 12,9%, “o que reflete não só o crescimento do emprego, mas também do salário médio”. E os gastos médios com o pessoal aumentaram 7,9%, acima dos 4,3% da inflação. Transportes (+12,2%) e alojamento e restauração (+10,1%) foram os setores que registaram maiores aumentos nos gastos com o pessoal.

Além do desempenho financeiro, a consultora analisou, também, a resiliência financeira e as práticas de sustentabilidade das empresas portuguesas nos domínios ambiental, social e de governação (score ESG), dado que, destaca Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral da Informa D&B, “a demonstração de comportamentos sustentáveis será cada vez mais importante na vida das empresas, sendo um critério para integrar as cadeias de valor das grandes empresas ou no acesso a investimentos e financiamento”.

Conclui o estudo que “mais de metade das empresas possui níveis de resiliência financeira elevado ou médio-alto, sendo mais alto quanto maior é a dimensão das empresa”. Já em termos de sustentabilidade, só um terço das empresas apresenta uma pontuação elevada ou média-alta e 30% tem um score ESG mínimo ou reduzido.