Eleições europeias
04 junho 2024 às 08h09
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Santos Silva acusa Governo de fazer "ocupação partidária do Estado"

O antigo presidente do parlamento deu como o exemplo a decisão tomada na segunda-feira pelo Governo de dissolver a administração da AICEP.

O antigo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, acusou na segunda-feira à noite o Governo de estar a fazer uma "ocupação partidária do Estado" desde que assumiu funções, considerando que a dissolução da administração da AICEP foi "partidarite pura".

Santos Silva juntou-se ao comício da campanha do PS para as europeias em Santarém e defendeu uma "Europa social" e que sabe "distinguir o Estado da sociedade e o Estado dos partidos" e que "sabe valorizar a administração pública, julgar os funcionários públicos pelo seu mérito e não pela sua cor partidária".

"Uma Europa que sempre se levantou contra a ideia da ocupação partidária do Estado que é aquilo a que nós estamos a assistir - mais uma vez não tenhamos medo das palavras - nos últimos dois meses em Portugal", acusou.

O antigo presidente do parlamento deu como o exemplo a decisão tomada na segunda-feira pelo Governo de dissolver a administração da AICEP e renovar toda a equipa, apontando que se trata de uma agência que "não recebe tutelas e instruções diretas do Governo".

"Qual foi a razão pela qual a agência mudou hoje de administração? Nenhuma que se conheça. Partidarite pura, desprezo absoluto por aquilo que é o mínimo de respeito devido à administração publica e instabilização, prejuízo da relação que tem que ser de confiança entre o Estado e os empresários", criticou.

Para Santos Silva, "há uma ligação entre a Europa e Portugal" e "aqueles que na Europa contestam a ocupação partidária do Estado não podem votar na AD em Portugal".

O antigo presidente da Assembleia da República acusou o Governo de adotar medidas que aumentam a despesa pública e reduzem a receita, alertando que há um risco de se entrar "em desequilíbrio orçamental", o que significa que não se pode confiar na AD para a Europa, mas sim no PS que foi quem "pôs as contas em Portugal em ordem".

Numa intervenção em que elencou detalhadamente as cinco razões pelas quais os portugueses devem votar no PS no dia 09 de junho, Santos Silva desferiu algumas críticas ao cabeça de lista da AD, Sebastião Bugalho, apesar de nunca ter citado o seu nome.

A quarta razão invocada por Santos Silva no apelo ao voto é "a qualidade da lista apresentada pelo PS", considerando que os socialistas não apresentaram pessoas que até há poucos anos diziam que "o pior inimigo da Europa é a União Europeia" e agora querem ser membros dessa mesma União Europeia no Parlamento Europeu.

O antigo presidente do parlamento defendeu que a Europa precisa dos socialistas, alertando para o "risco e a sombra" que é o "crescendo da extrema-direita eurocética que quer conquistar a União Europeia para destruí-la por dentro".

"Só há uma garantia contra o avanço da extrema-direita e essa garantia chama-se o voto nos socialistas", apelou.

A primeira razão para o voto no PS, segundo o socialista, é que é "a coisa mais natural do mundo".

"Nós sempre fomos pela Europa connosco e nós com a Europa. Não há nenhum partido em Portugal que possa demonstrar esta coerência", disse, com um elogio ao fundador do partido Mário Soares.

Para lá das atitudes e dos discursos, segundo Santos Silva, há a prática do partido, considerando que quer na oposição quer no Governo "contribuiu ativamente para todos os passos de adesão à União Europeia".

"Temos muito orgulho que no Conselho Europeu que aprovou a vacinação conjunta e o PRR a voz portuguesa, a voz de António Costa tivesse sido absolutamente determinante", disse ainda.