O ano começou quente no mercado imobiliário e o investimento em ativos turísticos ocupa o topo dos negócios mais apetecíveis em território nacional, sobretudo junto dos estrangeiros que querem comprar no país. Até maio, o volume total de investimento hoteleiro ascendeu aos 260 milhões de euros, revela a consultora imobiliária CBRE ao DN/Dinheiro Vivo. Este é um valor recorde para os cinco primeiros meses do ano e que compara com os 25 milhões de euros registados no mesmo período de 2023.
As perspetivas para a segunda metade de 2024 são otimistas, com a consultora a admitir que este ano seja ultrapassado o investimento total de 2023, que superou a fasquia dos 600 milhões de euros, tendo sido o segundo melhor resultado de sempre do ponto de vista de volume transacionado neste segmento. Este é um cenário pouco usual para o período entre janeiro e maio, uma vez que a maioria dos negócios se costuma concretizar, habitualmente, no segundo semestre.
O cenário é corroborado pela Cushman & Wakefield. “Os primeiros cinco meses registaram um movimento superior ao observado nos últimos anos, resultado de operações iniciadas no último trimestre de 2023, tendo-se efetivado os negócios já no decorrer de 2024. O arranque do ano reforça a hotelaria como classe de ativo central nas opções de investimento”, aponta o diretor de hotelaria da consultora, Gonçalo Garcia.
O mercado está a ganhar gás também à boleia do aumento dos preços, que têm assumido um peso extra no bolso dos investidores. “O valor médio por transação registado até maio de 2024 é bastante elevado, comparativamente com as operações médias registadas até este ano, que variam entre os 15 e os 30 milhões de euros. Em termos médios, observa-se um valor de cerca de 36 milhões de euros por transação, reflexo dos negócios com alguma escala ou posicionamento superior, como é o caso do Oitavos, Praia del Rey ou Oporto Story Hotel”, adianta. O porta-voz da Cushman & Wakefield destaca um “agravamento das perspetivas de valor entre compradores e vendedores”, com a inflação a impactar diretamente o preço médio praticado pelos estabelecimentos hoteleiros, e, por conseguinte, as receitas geradas e resultados obtidos, “tendo projetado as performances dos hotéis para níveis históricos”. “Em contrapartida, o aumento da taxa de juro como mecanismo de combate à inflação impacta diretamente o custo de capital e a capacidade do investidor em materializar investimentos dentro de critérios de retorno justificáveis”, indica.