Final é esta noite
11 maio 2024 às 12h25
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Países Baixos desqualificados da Eurovisão na sequência de "incidente" nos bastidores

A decisão surge um dia depois de o artista ter sido suspenso. O incidente, que não foi especificado, terá acontecido na quinta-feira, após a semifinal.

A União Europeia de Radiodifusão (UER) anunciou este sábado a desqualificação do candidato dos Países Baixos, Joost Klein, desta edição da Eurovisão, que acontece em Malmö, na Suécia.

Em comunicado, a organização refere que "a polícia sueca investigou a queixa" feita por uma mulher que faz parte da equipa de produção. Alegadamente, o "incidente após a atuação" de Klein na semi-final de quinta-feira.

Na mesma nota, a UER anuncia ainda que "ao contrário de algumas notícias e especulação nas redes sociais", o incidente "não envolveu qualquer outro artista ou membro de uma delegação".

"Mantemos uma política de tolerância-zero em relação a comportamentos inadequados no nosso evento, e estamos empenhados em providenciar um ambiente de trabalho seguro para todo o staff do concurso. Assim, o comportamento de Joost Klein para com um membro da equipa é considerado uma quebra das regras", lê-se na mesma nota.

Assim, "o 68.º festival Eurovisão da canção irá ter 25 canções" a participar.

Na sexta-feira, a UER já tinha anunciado que o artista estava suspenso e que, até ordem em contrário, não iria ensaiar. Joost Klein ainda participou no ensaio do desfile de bandeiras, que marca o início da cerimónia. Contudo, quando chegou a vez da candidata de Israel atuar, o cantor neerlandês não apareceu em palco.

Embora o lema do concurso seja "unidos pela música", o evento deste ano atraiu grandes protestos dos palestinianos e dos seus apoiantes, que dizem que Israel deve ser excluído devido à sua conduta na guerra contra o Hamas.

O conflito israelo-palestiniano dura há décadas, mas intensificou-se após um ataque do grupo palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que causou quase 1.200 mortos.

Israel, liderado por Benjamin Netanyahu, respondeu com uma ofensiva que provocou mais de 34 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo balanços das duas partes.

Para cumprir as regras de proibição de declarações abertamente "políticas" do concurso, os organizadores da Eurovisão instaram Israel a alterar o título original da sua canção, "October Rain" - uma aparente referência ao ataque do Hamas de 07 de outubro -, que passou a aer intitulada "Hurricane" (Furacão).

Milhares de pessoas são esperadas numa marcha - a segunda esta semana - na terceira maior cidade da Suécia, que tem uma grande população muçulmana, para exigir um boicote a Israel e um cessar-fogo na guerra de sete meses.

Dezenas de manifestantes invadiram hoje a sede da televisão pública finlandesa, Yle, para exigir boicote à final do Festival Eurovisão da Canção devido à presença israelita.

Os manifestantes afirmam que Israel está a usar a Eurovisão como plataforma para branquear a sua imagem com a participação da cantora Eden Golan.

Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à EBU para que a participação do país no concurso fosse vetada.

A título de exemplo, na sexta-feira, a vice-presidente do governo espanhol e ministra do Trabalho, Yolanda Diáz, numa publicação na rede social X, citada pela agência EFE, recordou que o Festival Eurovisão da Canção "é alegria, paz e diversidade, não uma montra para branquear o genocídio do povo palestiniano por Israel, que é morte, destruição e ódio".

Para a governante espanhola, Israel "é incompatível com os valores promovidos pelo concurso e não deveria participar" no certame.

Com Lusa