Guerra no Médio Oriente
31 julho 2024 às 17h07
Leitura: 3 min

Israel diz que só desmilitarização da fronteira norte evitará guerra total

Israel afirma que a única forma de evitar uma guerra total é com Resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU, que implica a retirada dos milicianos do Hezbollah estacionados ao longo da fronteira com Israel para norte e o seu desarmamento.

O Governo israelita enviou esta quarta-feira uma carta aos diplomatas pedindo pressão para implementar a resolução da ONU para desmilitarizar a fronteira entre Israel e Líbano, "única forma de evitar" uma "guerra total" com o grupo xiita Hezbollah.

"Israel não está interessado numa guerra total, mas a única forma de a evitar é a aplicação imediata da Resolução 1.701", lê-se na carta enviada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Israel Katz, divulgada pelo seu gabinete.

Katz afirma no documento que o ataque de terça-feira a Beirute, que Israel afirma ter eliminado o comandante do grupo xiita Fouad Chokr, foi uma resposta ao bombardeamento da cidade drusa de Majdal Shams, nos Montes Golã ocupados por Israel, no qual morreram 12 crianças drusas (árabes), que Telavive diz terem nacionalidade israelita.

O diplomata descreveu a operação como uma "mensagem clara" de Israel: "Quem nos prejudicar será prejudicado com grande força".

De acordo com Katz, a aplicação da Resolução 1.701 do Conselho de Segurança da ONU -- que pôs fim à guerra entre o Líbano e Israel em 2006 -- implicaria a retirada dos milicianos do Hezbollah estacionados ao longo da fronteira com Israel para norte, sobre o rio Litani, bem como o seu desarmamento.

Na carta, Katz não faz qualquer referência ao ataque perpetrado na madrugada de hoje em Teerão, que matou o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. O Hamas responsabiliza Israel pelo atentado.

Entre os motivos que levaram à adoção desta medida, o ministro dos Negócios Estrangeiros salientou a necessidade de fazer regressar os mais de 60.000 israelitas que foram obrigados a abandonar as suas casas no norte do país desde o início da troca de tiros na fronteira e que, desde então, se instalaram em hotéis e outras residências financiadas pelo Estado.

Do outro lado da fronteira, mais de 94.000 libaneses também foram deslocados para evitar o perigo representado pelos constantes disparos de foguetes.

A fronteira entre Israel e o Líbano está a registar um pico de tensão desde 2006, em que já morreram pelo menos 574 pessoas, a maioria das quais do lado libanês e nas fileiras do Hezbollah, que confirmou 354 baixas de milicianos e comandantes, alguns dos quais na Síria.

Por outro lado, pelo menos 47 israelitas foram mortos no norte em resultado destas trocas de tiros, incluindo 22 militares e 25 civis.