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Barómetro Aximage/DN
09 outubro 2024 às 00h20
Leitura: 7 min

AD subia, Chega descia, mas eleições deixavam tudo quase igual

Eleitores pensam que o chumbo do Orçamento do Estado levaria à dissolução da Assembleia da República. Governo ganharia terreno ao PS, mas longe da maioria absoluta.

As eleições antecipadas que a maioria dos portugueses acreditam vir a acontecer se o Orçamento do Estado para 2025 não passar na Assembleia da República pouco alterariam os impasses dos últimos meses. Segundo uma sondagem da Aximage para o DN, realizada entre 30 de setembro e 5 de outubro, a vitória da Aliança Democrática (AD), com 32,1% de intenções de voto, distanciando-se do PS (28,6%) e beneficiando da queda do Chega (15,1%), não bastaria para a coligação liderada por Luís Montenegro governar com maioria absoluta, ainda que fizesse um acordo com a reforçada Iniciativa Liberal (IL), que apresenta 6,3% das intenções de voto.

A subida da coligação de centro-direita em relação aos 28,9% das legislativas, enquanto os socialistas aumentariam menos de um ponto percentual os 28,0% que foram um dos seus piores resultados eleitorais, indicia que os portugueses valorizaram mais a prestação de Luís Montenegro do que a de Pedro Nuno Santos na prolongada e incerta negociação orçamental. Sobretudo tendo em conta os resultados do anterior barómetro da Aximage, feito em julho. Nessa altura, o PS tomara a dianteira, com 29,5% de intenções de voto, contra 27,6% da AD, enquanto o Chega subira aos 17,5%.

Para o reforço dos vencedores das legislativas, que nesta sondagem ficam à frente do PS em todo o país menos no Centro (0,9 pontos percentuais), com 14,4 de vantagem no Norte, 5,1 na Área Metropolitana do Porto, 4,2 no Sul e ilhas e 0,3 na Área Metropolitana de Lisboa, contribui a quebra do Chega. Não só no habitualmente difícil Norte (9,2%), mas também no Sul e ilhas (13,8%), onde tende a ser forte, embora o partido de André Ventura tenha intenções de voto elevadas no Centro (18,3%) e nas Áreas Metropolitanas de Lisboa (16.0%) e do Porto (15,9%).

Fora desses três partidos pouco muda. A IL atinge 6,3%, bastante acima dos 4,9% nas legislativas, mas aquém dos 7,1% de intenções de voto em julho, o Bloco de Esquerda recupera para 5,5%, o Livre fixa-se em 3,5% e a CDU desce para 3,0%, o que seria um novo mínimo eleitoral dos comunistas. Mais abaixo só o PAN, com 2,3%, que, no mínimo, deveriam garantir-lhe a manutenção na Assembleia da República. Mas as quatro últimas forças, à exceção dos bloquistas, recuam em relação ao barómetro anterior da Aximage.

A melhoria de resultados da AD, que nesta sondagem lidera tanto no eleitorado masculino como no feminino - o único partido com grande desequilíbrio de género é o Chega, que tem 21,1% de intenções de voto entre os homens e apenas 8,8% entre as mulheres -, tem nas suas bases o alargamento do fosso que separa a coligação do maior partido da oposição no que toca ao eleitorado mais jovem. Dos inquiridos entre os 18 e os 34 anos, 32,2% optam pela AD, contra 19,5% do PS, pouco à frente do Chega (17,9%), enquanto a IL fica com precisamente 10%. E se o partido de André Ventura lidera entre quem tem 35 a 49 anos, os socialistas só mantêm a habitual vantagem destacada nos mais velhos: 39,4% dos que têm 65 anos ou mais votariam PS e 35,2% na AD, com o Chega distante (7,6%).

Idêntica dicotomia ocorre nas condições económicas, pois a AD tem uma vantagem sobre o PS nos mais abastados, das classes A/B (40,8%-22,8%), praticamente simétrica ao avanço que os socialistas apresentam nos mais pobres, da classe D: 40,4% contra 20,1%. 

Chumbo sem demissão

Outra das conclusões do Barómetro de setembro-outubro do DN é que o governo não deverá apresentar a demissão caso a proposta de Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovada na Assembleia da República. Essa é a opinião de 49% dos inquiridos, com 40% a defenderem a demissão e 11% sem opinião. Os mais avessos a que Luís Montenegro apresente a demissão nessas circunstâncias são os mais ricos (57%), os mais velhos (52%) e as mulheres (52%). E, sem surpresa, aqueles que nas legislativas votaram na AD (59%), embora ainda mais os que optaram pela IL (66%), com 51% dos eleitores do PS, do Chega e da CDU a preferirem a demissão.

Apesar disso, 52% dos inquiridos consideram que o Presidente da República deve dissolver a Assembleia da República se o Orçamento do Estado não vier a ser aprovado, contra 40% a afastar tal cenário e 8% sem opinião. O único segmento a destoar é a classe sócio-económica A/B, só por um ponto percentual (46%-47%), havendo um empate a 45% entre quem tem entre 35 e 49 anos. Até a maioria dos eleitores da AD (48%-44%) esperariam que Marcelo tomasse tal decisão, particularmente defendida por quem votou no PS (61%-34%) e ainda mais no Chega (67%-30%).

FICHA TÉCNICA

Objetivo do Estudo: Sondagem de opinião realizada pela Aximage Comunicação e Imagem Lda. para o DN sobre temas da atualidade nacional política.

Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal.

Amostra: Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género (2), grupo etário (4) e escolaridade (2). A amostra teve 802 entrevistas efetivas: 489 entrevistas CAWI e 313 entrevistas CATI; 395 homens e 407 mulheres; 182 entre os 18 e os 34 anos, 236 entre os 35 e os 49 anos, 213 entre os 50 e os 64 anos e 171 para os 65 e mais anos; Norte 243, Centro 170, Sul e Ilhas 115, Área Metropolitana de Lisboa 274.

Técnica: Aplicação online CAWI (Computer Assisted Web Interviewing) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas prédeterminadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas metodologia CATI (Computer Assisted Telephone Interviewing) do mesmo questionário devidamente adaptado ao suporte utilizado, ao subuniverso utilizado pela AXIMAGE nos seus estudos políticos. O trabalho de campo decorreu entre 30 de setembro e 5 de outubro de 2024.

Taxa de resposta: 66,45%.

Margem de erro: O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +ou-3,5%.

Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.