Rúben Amorim aproveitou a folga para ir a Londres ‘falar’ com West Ham

Horas depois do The Athletic avançar que Rúben Amorim era o principal alvo do West Ham para suceder a David Moyes, o treinador do Sporting foi visto na segunda-feira a embarcar para Londres para reunir com os dirigentes do emblema londrino. O técnico regressou já depois da meia-noite a Lisboa, onde o aguradavam muitos jornalistas. Sempre a sorrir, limitou-se a dizer "Até sábado", dia em que fará a antevisão do jogo com o FC Porto. 

Quem não gosta deste ruído à volta do futuro do técnico numa altura crucial da época é o Sporting, que está a dois triunfos de ser campeão nacional e ainda vai tentar conquistar a Taça de Portugal, mas também não esclareceu se o técnico informou da viagem a Londres. O clube lembrou que o plantel está de folga até quinta-feira de manhã, quando começará a preparar o clássico da 31.ª jornada da I Liga. No entanto dada a relação que o técnico sempre teve com o presidente Frederico Varandas e o diretor desportivo Hugo Viana é de equacionar que eles sabiam da viagem e por isso o West Ham terá manifestado junto do emblema leonino a intenção de pagar para contratar Amorim.

A deslocação a Inglaterra a meio da semana, antes de um jogo decisivo com o FC Porto e depois de ter dito, quando foi noticiado que reunira com o Liverpool, que nem acordo nem entrevistas enquanto a questão do título estivesse em aberto, apanhou os adeptos de surpresa. Na manhã de segunda-feira, os jogadores utilizados na vitória na receção ao Vitória de Guimarães (3-0) fizeram treino de recuperação na Academia Cristiano Ronaldo, enquanto os restantes futebolistas treinaram normalmente no relvado às ordens de Rúben Amorim, que depois depois deu dois dias de folga ao plantel.

Segundo a CNN Portugal o avião que levou o técnico até Londres foi fretado pelos donos do West Ham. David Sullivan adquiriu o emblema londrino no ano passado e queria falar com Amorim antes de lhe oferecer um contrato e avançar com uma proposta junto do Sporting, uma vez que o treinador tem contrato com os leões até 2026 e uma cláusula de rescisão múltipla: 30 milhões se um clube português o quiser ir buscar a Alvalade e 20 milhões de euros se for um clube estrangeiro. 

No entanto, o técnico terá um acordo verbal com o presidente Frederico Varandas para uma saída a bem por um valor inferior, na ordem dos 10 milhões de euros, caso o clube interessado faça parte de uma pequena lista de tubarões a quem Rúben Amorim não consiga dizer que não. 

Se o West Ham é ou não um desses clubes é esperar para ver, mas os dez milhões de euros são um valor simbólico para os leões, uma vez que foi essa mesma verba que o clube leonino investiu no técnico, quando Amorim ainda não tinha provas dadas e tinha acabado de assumir o comando do Sporting de Braga. Aliás, nessa altura, o presidente Frederico Varandas chegou a dizer que iria justificar o que custou e logo no ano a seguir foi campeão nacional, acabando com um jejum de 19 anos.

Quando confrontado com o tema da saída de Alvalade e depois de reiterar várias vezes que se não conquistasse nada saía pelo próprio pé e sem indemnização, Amorim tentou calar o assunto sobre o seu futuro porque o título foi ficando mais perto e a sua saída também. Certo é que não queria desestabilizar o balneário numa altura crítica da época, mas a viagem de ontem acabou por cair que nem uma bomba.

Amorim já tinha sido apontado no passado como “alvo prioritário” do Tottenham, “conversado” com o Chelsea, da mesma forma como “esteve na lista” do Barcelona e foi “contactado” pelo Manchester United” e “entrevistado” pelo Liverpool, mas nunca embarcou rumo ao futuro, como aconteceu agora. Mas agora já não são apenas rumores e o silêncio também é cúmplice. 

No comando do Sporting, Rúben Amorim conquistou quatro troféus desde março de 2020 - um campeonato nacional (2020-21), duas Taças da Liga (2020-21 e 2021-22) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (2021) - podendo conquistar mais dois (título e Taça de Portugal) antes de sair.

O West Ham segue no oitavo lugar da Premier League, luta pela qualificação europeia e é treinado desde 2017 por David Moyes, cujo contrato expira em junho. A herança é pesada, mas nada comparável que iria herdar caso fosse para o Liverpool, sentar-se na cadeira de Jurgen Klopp.

isaura.almeida@dn.pt