O Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior Público arrancou esta segunda-feira e deu início a um complexo processo para milhares de alunos que ficarão deslocados de casa nos próximos anos académicos: a procura de alojamento. E, como em tudo o que se refere atualmente à habitação em Portugal, a oferta no mercado é muito reduzida e os preços são elevados. O número de camas disponíveis no país em arrendamento formal rondará os 35 mil para um universo de 110 mil estudantes deslocados do Ensino Superior público.
Os dados disponibilizados na página eletrónica do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior (PNAES) permitem concluir que a oferta cobre apenas 32% das necessidades, sendo precisas pelo menos mais 75 mil camas. A situação assume uma maior gravidade quando se estima existirem mais de 40 mil alunos carenciados nas universidades públicas portuguesas e, por isso, com acesso prioritário às residências do Estado. Mas estas só dispõem de 15 939 camas (PNAES/ junho 2024). Uma resposta que não chega nem para metade dos estudantes elegíveis.
Com estas (poucas) opções públicas, as famílias são obrigadas a estudar a oferta no setor privado. Isto apesar de o custo do alojamento ser o fator que mais pesa na decisão para mais de 83% dos pais de um estudante deslocado, diz um relatório sobre esta temática divulgado ontem. Aliás, para cerca de dois em cada cinco encarregados de educação, a primeira opção de habitação é descartada por questões de preço, aponta o Estudo Ómnibus.
O plano nacional, lançado em 2018, e que prevê a introdução de mais de 18 mil camas a preços regulados até 2026, um pouco por todo o país, num investimento global de 445,7 milhões de euros, está quase todo ainda por concretizar e pouco deverá aumentar a oferta pública no ano letivo que se aproxima. Aliás, o número de camas disponível está inclusive reduzido.