A pulverização do eleitorado, visível nas sondagens realizadas até agora, não tinha encaminhado os discursos dos líderes das principais forças políticas para a hipótese de maioria absoluta, mas Luís Montenegro assumiu que está a lutar por esse objetivo no debate televisivo com o líder do Chega, André Ventura, na noite desta segunda-feira.
A estratégia do líder social-democrata ao elevar a fasquia para a Aliança Democrática (AD) decorre da garantia de que não pode existir qualquer tipo de entendimento pós-eleitoral com o Chega, pelas suas posições extremistas e “opiniões racistas, xenófobas e demagógicas”. E, restando à direita do PS apenas a Iniciativa Liberal - a partir do momento em que o PAN, que se posiciona no centro progressista, também excluiu acordos com a coligação de centro-direita -, o caminho de Montenegro para a estabilidade governativa depende de uma concentração de votos que permitisse a missão extremamente complicada - para não dizer tão impossível quanto a da série televisiva transformada em filmes protagonizados por Tom Cruise - de assegurar mais de 115 deputados à revelia de André Ventura.
Problema idêntico tem Pedro Nuno Santos, pois mesmo as sondagens mais favoráveis para o PS deixam o novo secretário-geral distante dos 41,37% que permitiram a António Costa festejar a maioria absoluta na noite de 30 de janeiro de 2022. Foi a mais baixa percentagem que até hoje possibilitou a uma força política eleger mais deputados do que o conjunto da oposição, o que foi facilitado pela dispersão do eleitorado por um maior número de partidos.
Certo é que os caminhos a trilhar por Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos para uma improvável maioria absoluta tenderão sempre a ser bastante diferentes. Desde já porque, olhando para as duas últimas vezes em que uma força garantiu mais de metade dos mandatos, em ambos os casos tendo líderes do PS como protagonistas, há indicadores muito assinaláveis no mapa eleitoral. Desde já, o facto de os socialistas terem garantido vantagem decisiva nos círculos eleitorais situados a sul do Tejo, com mais sete deputados do que o conjunto de todos os outros partidos.