1933-2024 
04 novembro 2024 às 19h24
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Quincy Jones: um dos maiores produtores e compositores dos EUA morre aos 91 anos

Vencedor dos prémios Grammy por 28 vezes, produtor de álbuns para Michael Jackson e colaborações com Sinatra, entre muitos outros, Quincy Jones foi uma das mais versáteis figuras da cultura pop dos século XX.

Da produção do histórico álbum Thriller (1982) de Michael Jackson, à angariação de fundos para o projeto We Are The World ou a composição de bandas sonoras premiadas - como A Cor Púrpura, que lhe valeu três nomeações aos Óscares - passando por colaborações com Frank Sinatra, Ray Charles Louis Armstrong, Tony Bennett ou Donna Summer e Will Smith, este sem número de parcerias tornaram Quincy Jones um dos produtores e compositores mais importante dos EUA, e não só. Aliás, o seu trabalho com Sinatra começou em 1958, quando foi contratado para dirigir e fazer arranjos musicais  por Grace Kelly, a princesa do Mónaco, para um evento de caridade. Jones e Sinatra continuaram a trabalhar em projetos até ao último álbum de Sinatra, LA Is My Lady, em 1984.

Thriller, de Michael Jackson.

Jones morreu no passado domingo (3 de novembro) à noite, aos 91 anos rodeado pela família, de acordo com o seu assessor Arnold Robinson. “Esta noite, com o coração cheio, mas partido, devemos partilhar a notícia da morte do nosso pai e irmão Quincy Jones”, afirmou a família em comunicado. “E embora esta seja uma perda incrível para a nossa família, celebramos a grande vida que viveu e sabemos que nunca haverá outro como ele”, referiu a nota. Quincy Jones foi um dos primeiros executivos negros a prosperar em Hollywood e a acumular um extraordinário catálogo musical que inclui alguns dos momentos mais ricos da música norte-americana. Nomeado por 79 vezes para os prémios da música Grammy, conquistou essas distinções em 28 momentos, o que o tornou num dos artistas mais premiados de sempre, apenas atrás de Beyoncé (32) e do maestro Georg Solti (31). Em 1968 tornou-se o primeiro afroamericano a ser nomeado para melhor canção original nos Óscares, com The Eyes of Love, do filme Banning (ao lado do compositor Bob Russell). Ao todo, teve sete nomeações. A sua produtora de televisão, fundada em 1990, teve grande sucesso com a série O Príncipe de Bel-Air (The Fresh Prince of Bel-Air).

Já em 2017, com 80 anos, lançou a Qwest TV um serviço de tv de música por subscrição.

Neto de escrava

Foi a 14 de março de 1933 numa cidade de Chicago atingida pelo auge da Grande Depressão, que Quincy Jones nasceu. Ele e o irmão mais novo viveram com a avó - que fora escrava - em Louisville, no Kentucky, numa casa sem eletricidade, antes de voltarem a Chicago e seguirem para o estado de Washington com o pai, como lembra o obituário publicado pela revista Rolling Stone. Aos 11 anos, altura em que se metia em vários sarilhos com os amigos, assaltou um centro recreativo para comer tarte merengada de limão e descobriu um piano, que experimentou e o marcou: “Foi aí que comecei a encontrar paz. Tinha 11 anos. Sabia que isto era para mim. Para sempre”, escreveu na autobiografia Q (inédita em Portugal), citada pela Rolling Stone.

Começou a tocar aos 14 anos numa banda com um jovem dois anos mais velho chamado Ray Charles, chegando a acompanhar Billie Holiday, como lembrou a biografia publicada pelo britânico The Guardian. Estudante de música em Seattle e depois em Boston, mudou-se para Nova Iorque, onde tocou com Elvis Presley e conheceu nomes maiores do jazz como Charlie Parker e Miles Davis. Com 23 anos, foi diretor musical de Dizzy Gillespie.

Em 1958 assinou pela editora Mercury, onde se tornou diretor de música três anos mais tarde. Em 1985 esteve por trás da angariação de fundos para África intitulada We Are The World, que juntou 40 artistas, como Diana Ross, Michael Jackson ou Stevie Wonder. Foi com Michael Jackson que teve um dos maiores sucesso de sempre com o álbum que é, ainda hoje, o mais vendido de sempre: Thriller.

Tópicos: Música, Quincy Jones