Guerra
31 agosto 2024 às 20h04
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Identificados mais de 66 mil militares russos mortos na Ucrânia

Número total de óbitos será mais elevado. Há mais russos a exprimirem insatisfação com as autoridades.

Era para durar três dias, mas a invasão russa à Ucrânia prolonga-se por mais de dois anos e meio, e com isso o número de baixas, civis e militares, não para de aumentar. Segundo o site noticioso independente russo Mediazona, o mínimo de óbitos de militares russos na “operação militar especial” cifrava-se em 66.471 em 30 de agosto, advertindo que o número total deverá ser maior.

Elaborada em conjunto com os serviços russos da BBC, a lista não exaustiva foi obtida com recurso a fontes abertas (comunicados de imprensa oficiais, artigos nos meios de comunicação social, anúncios nas redes sociais, observação de sepulturas em cemitérios...). Em meados de abril, a contagem dos dois meios informativos estava em 50 mil mortos. No comunicado da Mediazona no Telegram informa-se que se registou um aumento de mais de 4600 mortos no último mês. O número pode ser maior, diz a Mediazona, uma vez que as mortes de muitos soldados não são tornadas públicas. Anastasia Alekseyeva, jornalista da Mediazona, afirmou que os últimos números “não estão relacionados com a ofensiva da Ucrânia na região de Kursk ou com o avanço da Rússia no leste”. Segundo a investigação, 12 mil mortos cumpriam pena de prisão antes de terem sido alistados para combater na guerra.

O regime russo não tem fornecido dados sobre as perdas militares russas, invocando “a Lei dos Segredos de Estado”.  Segundo Vladimir Putin, as mortes de soldados russos são “inferiores” às ucranianas numa “proporção de um para cinco”. O Estado-Maior ucraniano calcula o número de baixas da Rússia em 614.950, incluindo na mesma contagem mortos e feridos. Do lado de Kiev, a informação também é opaca. Em fevereiro, Volodymyr Zelensky apontava para 31 mil militares ucranianos mortos.

Estes dados cruzam-se com o aumento da insatisfação dos russos desde o início da incursão ucraniana na região de Kursk. Segundo o norte-americano Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), várias sondagens demonstram-no. É o caso da realizada pelo instituto FOM, controlado pelo Estado, na qual 28% dizem estar insatisfeitos com as autoridades russas. Um mês antes, a percentagem de insatisfeitos era de 18%. 

cesar.avo@dn.pt