Coberturas verdes, painéis fotovoltaicos, recolha de águas pluviais com ligação a uma charca situada na horta comunitária ao lado da escola e uma fachada verde para sombreamento das salas de aula – de modo a adaptar a escola às alterações climáticas, melhorar a eficiência energética e o conforto térmico do edifício – são algumas das soluções sustentáveis da EB do Falcão, do Agrupamento de escolas do Cerco, no Porto. Com 700 metros quadrados de área verde, o edifício construído de raiz e inaugurado este ano resultou de um investimento de mais de um milhão de euros, financiado a 100 por cento pelo programa LIFE ao abrigo do “MyBuildingisgreen”. Cerca de 60% da energia consumida no estabelecimento escolar é produzida localmente, através dos painéis fotovoltaicos colocados na cobertura do edifício.
Em declarações ao DN, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), explica tratar-se de uma ‘escola exemplo’. “A EB do Falcão é a única escola deste género a nível nacional e a única com telhados verdes na cidade do Porto”, sublinha. A maior parte das coberturas instaladas na escola (400 m2) estão instaladas com uma tecnologia inovadora chamada GUL (Green Urban Living). Trata-se de coberturas verdes cuja base está feita em cortiça (em vez do habitual plástico). Este sistema surgiu de um projeto de investigação da Amorim Isolamentos, Neoturf Espaços Verdes e ITECONS, e consegue drenar excessos de água, impermeabilizar, reter água e fazer isolamento acústico e térmico. A EB de Falcão é o primeiro projeto no mundo com este material, segundo a CMP.
Filipe Araújo sublinha ainda que o modelo sustentável da EB do Falcão serve de alavanca para “a sensibilização ambiental”. “Queremos mudar comportamentos. Temos outros edifícios sustentáveis na cidade, como o terminal Intermodal de Campanhã ou a sede da Porto Ambiente e temos por norma, no município, uma estratégia para produzir energia localmente e a aposta numa maior eficiência energética”, explica.
Na escola, é visível a felicidade de alunos, docentes e não docentes, inseridos num espaço repleto de áreas verdes, com muita luz solar e salas onde se sente conforto térmico. Helena Ribeiro, coordenadora da EB do Falcão, salienta essa “alegria das crianças” e recorda o momento em que uma turma de 4.º ano soube que ainda poderia sentar-se na sala de aula da escola nova. “Viemos para cá em abril, mas poderia ter sido apenas em setembro. Se assim fosse, os meninos e meninas do 4.º ano já não se mudariam para cá. Foi inexplicável a reação deles quando lhes contei, até porque vieram connosco ver as obras algumas vezes e íamos mostrando a evolução da escola por fotografias”, recorda.