O verão arrancou a meio-gás para os estabelecimentos de alojamento local (AL) do país. A retração da procura no início de julho levou os proprietários a baixar os preços para encher as casas e manter os níveis de ocupação. A primeira metade do ano fez-se a um ritmo de crescimento com as dormidas a avançar 7,2% até maio nesta franja do alojamento turístico. Os preços acompanharam e subiram 10%, com o indicador do rendimento médio por quarto ocupado (ADR) a atingir os 101 euros em maio, segundo os últimos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
As contas de somar refletiram-se também nos proveitos totais do setor - que somam ao alojamento outros gastos inerentes à estada dos turistas como restauração, lavandaria entre outros serviços - que atingiram os 194 milhões de euros até ao quinto mês do ano, ou seja, mais 14% face ao mesmo período de 2023. Mas a partir de julho a procura refreou e este abrandamento acabou por impactar as tarifas, que deram um passo atrás. “Os meses de maio e junho foram bons, mas em julho já sentimos algum enfraquecimento. Foi preciso haver um abrandamento também em relação ao preço para continuarmos a ter procura - e a manter as ocupações acima dos 80% -, tivemos de atuar ao nível do preço para atingir os objetivos. Com a inflação, comparativamente com o ano passado, as noites estão mais baratas”, explica o diretor-geral da GuestReady em Portugal, Rui Silva.
O responsável da empresa que gere cerca de 1400 unidades de AL no país sublinha que foi no Porto onde a procura mais caiu. “Além de toda a situação económica que estamos a viver, nota-se ainda que há menos turistas espanhóis a vir para Portugal, bem como franceses, mas o mercado espanhol acaba por ter sempre um peso maior”, aponta. Outro dos aspetos que tem ameaçado a atividade turística em Portugal este ano é o facto de vários destinos internacionais estarem a apostar em campanhas com preços mais baixos, o que tem absorvido uma fatia de turistas que tem optado por excluir o nosso país dos planos de férias. “Há vários países no Centro da Europa a fazerem promoções para este verão, como, por exemplo, a Albânia ou Montenegro, o que trouxe uma concorrência que não tínhamos antes. Estamos a sentir que temos muita gente a ir para esses lugares em vez de virem para cá”, enquadra Rui Silva.
Nas contas da GuestReady as reservas do mercado nacional também estão em queda, tendo decrescido cerca de 3% face a 2023. Os números da operação da época alta trazem cautela e desenham um cenário mais contido para os próximos meses. “Obviamente que temos a certeza de que será um ano complicado com este comportamento no verão, e há sempre a incerteza económica, portanto não contamos que as pessoas tenham muito mais dinheiro. Prevemos atingir todos os objetivos a que nos propusemos este ano, mas com uma maior atenção e com necessidade de estarmos atentos às variâncias dos preços”, refere o empresário, que, afiança, “seguramente será necessário voltar a baixar preços” na segunda metade do ano.