Há quem viva na sombra e não assuma a sua verdadeira identidade. “Isso pode ser explicado por várias razões, até pela própria LGBTQIA+ fobia internalizada”, começa por explicar Sara Malcato, psicóloga, e que colabora com a ILGA, grupo de intervenção e apoio a pessoas LGBTQIA+.
“Vivemos numa sociedade que é homofóbica, transfóbica, interfóbica. Temos um discurso negativo no que toca a uma orientação sexual não heterossexual ou a uma identidade de género que não é ‘cis’ [a identidade de género correspondente ao género atribuído à nascença]. Todos integramos este discurso. As próprias pessoas LGBTQIA+ integram este discurso sobre elas. Ou seja, muitas acham que têm alguma coisa de errado dentro de si”, prossegue a psicóloga. “Pensam que gostar de homens, ou de mulheres, ou ser trans é errado. Que vão ser rejeitadas pela família, que nunca mais vão arranjar um emprego. Portanto, muitas vezes fingem uma heterossexualidade”. Tudo isto porque “não querem ser discriminadas, alvo de violência, perderem as amizades que têm e o estatuto que muitas vezes já conseguiram”.