Benfica
16 março 2024 às 15h13
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Schmidt admite tomar uma atitude depois de ouvir queixas de Kökçü

O treinador do Benfica vai conversar com o médio turco sobre a entrevista onde se queixa da pouca importância que diz ter para a equipa. Só depois se saberá se o jogador ficará de fora do jogo deste domingo com o Casa Pia, em Rio Maior.

Roger Schmidt assumiu este sábado a possibilidade de “tomar decisões” depois de falar com Orkun Kökçü, na sequência da entrevista que o médio deu ao jornal neerlandês De Telegraaf, no qual se queixou de não se sentir importante na equipa e de estar demasiado agarrado a funções defensivas no Benfica. À hora de almoço, o treinador do Benfica admitiu ter conhecimento da referida entrevista, mas garantiu que não a tinha lido, remetendo para depois uma conversa com o internacional turco. “Claro que vou ter de falar com o jogador. Nestes momentos, é preciso obter alguma informação do jogador. Depois tomarei as minhas decisões”, afirmou, ficando assim a dúvida se será opção para o jogo deste domingo à tarde (18.00 horas, SportTV) em Rio Maior, com o Casa Pia, da 26.ª jornada da ILiga.

Ao jornal neerlandês, Kökçü disse estar insatisfeito com o papel que lhe foi atribuído por Roger Schmidt. “Passei por um período difícil por causa do problema com a minha posição na equipa”, disse, acrescentando que esta primeira época na Luz “não foi o que esperava”.  “No verão fiz uma escolha consciente pelo Benfica, com a ideia de que este era o melhor passo para a minha carreira, para me desenvolver ainda mais em todas as áreas, mas isso aconteceu apenas em parte”, disse o internacional turco contratado ao Feyenoord por 25 milhões de euros, verba que o colocou como a transferência mais avultada de sempre do Benfica.

No entanto, Kökçü nunca sentiu que o dinheiro investido tenha correspondido ao tratamento que lhe tem sido dado. “Vi como outros jogadores foram colocados em destaque em Portugal e em outros grandes clubes. Isso cria um certo status. Desde o início que nunca me fizeram sentir importante. Nem o treinador. Mas não sou o tipo de pessoa que bate o punho na mesa ou faz exigências, mas talvez tenha sido modesto demais justamente pelo papel que o treinador me deu”, atirou, garantindo que, antes, Schmidt lhe disse que “teria uma função semelhante à que tinha no Feyenoord”, onde definia “as linhas de passe e os caminhos do jogo da equipa”. “Sempre quis jogar para a frente”, sublinhou

O médio reforçou a ideia de que Schmidt lhe disse que “seria um jogador importante para ele” e que “o clube também disse o mesmo”. “O treinador não precisou de falar muito sobre o que pretendia de mim. Pareceu-me bastante lógico como deveria jogar no Benfica. Joguei ótimas partidas contra ele nos Países Baixos e pensei que ele ‘saberá o que fazer com minhas qualidades’”, acrescentou.

Nesse sentido, disse ser um tipo de jogador “mais eficiente se tiver liberdade”. “Quero dar muito mais à equipa. Schmidt prende-me demasiado a todo o tipo de tarefas defensivas. E isso não é necessário, se quiser rentabilizar as minhas qualidades. Consigo encontrar soluções no campo, penso à frente, sou conhecido pelo meu passe em progressão. Mesmo esta época, as estatísticas sublinham isso. Ainda posso significar muito mais para o Benfica, talvez seja aí que reside uma parte da minha frustração.”

Kökçü admitiu ainda ter ficado “irritado e dececionado” nas vezes que foi substituído ao intervalo. “Naqueles momentos, sabia que poderia dar muito mais à equipa”, assumiu.

Apesar desta situação criada pelo médio numa entrevista, Roger Schmidt considerou ser “absolutamente normal” a existência de problemas durante uma temporada, pois “faz parte do futebol orientar os jogadores da melhor maneira e falar com eles sobre os problemas, que têm de ser resolvidos”. 

Nesse sentido disse estar “muito satisfeito com a personalidade da equipa”e ainda “muito feliz por orientar esta equipa”. “Gosto do ambiente e claro que os problemas têm de ser resolvidos quando aparecem. Tenho de ler a entrevista de Kökçü, mas ele tem jogado bem. Claro que teve algumas dificuldades, chegou a estar lesionado. A primeira época nunca é tão fácil como esperamos, são coisas que fazem parte. De forma geral, acho que temos uma equipa com muita personalidade e o espírito de equipa é muito bom”, realçou.

Alheado da contestação

Depois de definir o Marselha – próximo adversário na Liga Europa – como uma equipa “muito boa, com muita experiência internacional”, acrescentando que “será preciso fazer um bom jogo na primeira mão na Luz “, Roger Schmidt foi questionado sobre o facto de estar ser contestado e, mesmo assim, ser a única equipa portuguesa em três frentes. “Quando treinamos o Benfica, as críticas existem. É quase impossível não acontecer. Reconheço que existe muito apoio à equipa e eu faço parte da equipa. Não sou importante, o importante é o Benfica”, começou por dizer, lembrando que o seu objetivo é “ganhar títulos” para deixar “os adeptos satisfeitos”. 

Nesse sentido, diz alhear-se da contestação e focar-se na “preparação da equipa para que possa ganhar jogos”. “Em momentos mais difíceis, o meu foco está no relvado. Não consigo resolver problemas em entrevistas ou noutros contextos, os problemas têm de ser resolvidos em campo. Tenho uma visão muito clara sobre esse tema, não sou afetado pelas críticas porque também sinto muito apoio dos adeptos”, argumentou, deixando um aviso: “Se queremos ganhar títulos, precisamos de apoio e temos de ser uma boa equipa. Acho que não é bom estarmos focados em coisas negativas. Quem tem um espírito negativo, quase sempre faz mais ruído. Faz parte do futebol e da sociedade, mas isso não me afeta.”

O Roger Schmidt destacou ainda importância de disputar os jogos "decisivos" com o Sporting para a Taça de Portugal e para a I Liga antes de defrontar o Marselha na Liga Europa.

"É bom disputar os jogos com o Sporting antes desses jogos internacionais. De certeza que também serão decisivos na Taça de Portugal e no campeonato. É um jogo muito importante no estádio do Sporting", afirmou o treinador em conferência de imprensa, no Seixal.

As duas equipas defrontam-se por duas vezes no próximo mês, a primeira, a 3 de abril no Estádio da Luz, a contar para a segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, e a segunda logo no fim de semana a seguir, a 7 ou 8 de abril no Estádio José Alvalade, para a 28.ª jornada da I Liga. Na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, o Sporting venceu por 2-1.

Na Liga Europa, os leões ficaram pelo caminho esta semana, eliminados pela Atalanta, enquanto o Benfica seguiu para os quartos-de-final, em que vai defrontar o Marselha, em 11 de abril, no Estádio da Luz, e 18 de abril, em França. Questionado sobre o impacto que o apertado calendário pode ter no desempenho das equipas, agora que o Sporting, ao contrário dos encarnados, está fora das competições europeias, Schmidt considerou que "ambas as equipas disputam esses jogos na mesma situação", após terem "algum descanso nas próximas semanas", particularmente "os jogadores que não vão às seleções nacionais".

O treinador alemão lembrou ainda que o Benfica "ainda pode ganhar três títulos nesta época", o campeonato, a Taça de Portugal e a Liga Europa, o que comprova "a capacidade e a qualidade do plantel" que tem ao seu dispôr.

carlos.nogueira@dn.pt