O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, encontrou-se esta sexta-feira em Nova Iorque com Donald Trump, depois de ter ouvido no dia anterior garantias do seu homólogo norte-americano, Joe Biden, e da candidata democrata às presidenciais dos Estados Unidos, Kamala Harris, de um apoio a longo prazo de Washington. Apoio que já foi criticado pelo ex-presidente e agora candidato republicano.
“Vamos ter uma reunião construtiva”, afirmou Donald Trump, elogiando o que descreveu como “muito boa relação” com Volodymyr Zelensky, mas também com o presidente russo, Vladimir Putin. E acrescentou que “se vencermos, vamos resolver isto [a guerra] muito rapidamente”. “Concordámos que devemos acabar com a guerra na Ucrânia”, declarou, por seu turno, Zelensky antes da reunião, dizendo ainda esperar que “tenhamos melhores relações entre nós”.
“São precisos dois para dançar o tango, e nós teremos uma boa reunião hoje. Acho que o facto de estarmos juntos hoje é um sinal muito bom”, respondeu o republicano, frisando mais uma vez que a sua vitória em novembro será essencial para o futuro da Ucrânia. “Espero que tenhamos uma boa vitória, porque se o outro lado vencer, não acho que ganhe alguma coisa”, referiu.
Zelensky explicou também a importância de se reunir com Donald Trump, pois a Ucrânia quer continuar a contar com o apoio dos Estados Unidos, independentemente do resultado das presidenciais. “É muito importante partilhar, partilhar todo o plano, todos os nossos passos, como podemos fortalecer a Ucrânia”, declarou o presidente ucraniano. “E, claro, temos que decidir agora, porque depois de novembro, não sabemos quem é, apenas os americanos decidem quem será o presidente, mas entendemos que até novembro não poderemos impedir Putin. (...) Entendemos que depois de novembro temos que decidir e esperamos que os pontos fortes dos Estados Unidos sejam muito fortes e contamos com isso. É por isso que decidi encontrar-me com os dois candidatos.”
Já depois do encontro na Trump Tower, questionado sobre como seria a sua visão de um acordo justo que levaria ao fim da guerra na Ucrânia, Trump não entrou em pormenores. “É muito cedo para dizer”, declarou o republicano, sublinhando que “tenho as minhas próprias ideias e o presidente [Zelensky] definitivamente tem as suas próprias ideias. Tem que ser justo”.
Uma declaração que foi interrompida pelo chefe de Estado ucraniano, deixando claro que “esta guerra não deveria ter começado”. “Penso que o problema é que Putin matou tantas pessoas e, claro, precisamos de fazer tudo para pressioná-lo a parar esta guerra. Ele está no nosso território, isso é o mais importante de perceber, ele está em nosso território”, prosseguiu Volodymyr Zelensky.
Trump concordou, reafirmando que “esta é uma guerra que nunca deveria ter acontecido”, e deixou no ar um possível novo encontro entre os dois.
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