O santuário de Fátima obteve um rendimento superior a 21,70 milhões de euros ao longo do ano de 2023, aquele em que superou todos os números de visitantes pré-pandemia: um total de 6,8 milhões de peregrinos, mais 9% quando comparados os números com 2019. De resto, é preciso recuar até 2017, ano do centenário das aparições, para suplantar estes dados. Nessa altura, Fátima contabilizou 9,4 milhões de visitantes.
Os números que agora o Santuário exibe estão naturalmente ligados à Jornada Mundial da Juventude, como admitiu o próprio reitor do Santuário, Carlos Cabecinhas, esta quinta-feira, durante o 4.5º encontro com os promotores hoteleiros e responsáveis de casas religiosas. “Isto significa um saldo positivo de cerca de 110 mil euros”, reconheceu o reitor, que justifica o aumento do valor alocado a fornecimento de serviços externos (4,35 milhões) com a inflação, por exemplo.
Quando comparado com 2022, o total de ganhos do Santuário subiu cerca de 3 milhões de euros. Entre o deve e o haver, o balanço (ainda provisório) aponta para 21,62 milhões de euros de gastos, e desses, mais de seis milhões são com pessoal. Diretamente com a JMJ e a vinda do papa, o santuário admite ter gasto um milhão e 42 mil euros. “Estes acontecimentos, que muito nos alegraram, implicaram gastos diretos. Este período implicou da parte dos nossos colaboradores um aumento grande de horas extraordinárias. Mas elas não estão aqui”, frisou. “As contas do Santuário são estáveis e equilibradas”, concluiu.
Porém, apesar desta ligação umbilical à JMJ, do total de 6,8 milhões de peregrinos que passaram por Fátima ao longo de 2023, apenas 17% (1,1 milhão) eram jovens.
Feitas as contas, os espaços mais procurados dentro do Santuário para celebrações são a Basílica da Santíssima Trindade, a Capelinha das Aparições, a Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e o recinto de oração. Já no que respeita aos espaços museológicos, a casa dos pastorinhos continua a ser a mais procurada (mais de 380 mil visitas), mais do dobro da casa da irmã Lúcia de Jesus (menos de 160 mil). Curiosamente, é na vidente que o Santuário vai centrar grande parte da sua atividade ao longo deste ano, tal como revelou o reitor.
“Desde finais de 2020 até final de 2023 foi o horizonte da JMJ que guiou a vida do santuário. Agora adotámos por horizonte o ano santo jubilar de 2025”, cujo tema será “peregrinos da esperança”.
“O objetivo é renovar o lugar de Fátima como casa de oração, reafirmar a importância do silêncio contemplativo, deste lugar de encontro e casa de todos”, sublinhou Carlos Cabecinhas. O reitor destacou a intenção de “aprofundar a leitura e difusão do carisma da irmã Lúcia”, em cuja figura será também centrado um curso de verão para jovens.
No encontro com os hoteleiros e responsáveis por casas de acolhimento, o diretor do departamento de estudos do Santuário de Fátima, Marco Daniel Rodrigues, fez uma retrospetiva do que tem sido a vida daquele santuário mariano e também da evolução da capacidade de acolhimento, desde 1917. A propósito do Jubileu de 2025, os hoteleiros assistiram à conferência “As celebrações do Ano Santo em Fátima: marcas no tempo e no espaço”.
No final do encontro, o bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, agradeceu “o ano singular que foi 2023, no meio de tantas preocupações que o mundo tem, com a paz sempre ameaçada pela guerra, mas também pelas questões climáticas”. “Quem vem aqui que leve essa mensagem de paz, e deste acolhimento que aqui se faz, no domínio hoteleiro”. E a esses deixou também o incentivo “do respeito pela questão ambiental”.