Eleições
25 maio 2024 às 21h37
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Europeias. Marta Temido defende criação de "canais seguros de migração"

"Temos de ajudar a desenvolver países de origem e trânsito. Temos de criar canais seguros de migração, porque precisamos também, como no passado, quando fomos um país de emigração, agora somos um país de pessoas que nos procuram e temos de as integrar com condições", disse Marta Temido

A cabeça de lista do PS às europeias defendeu este sábado, em Leiria, a criação de "canais seguros de migração" na Europa e pediu para que sejam dados mais recursos à Agência para a Integração, Migrações e Asilo.

Marta Temido passeou à tarde pela Feira de Leiria, onde contactou com pessoas de diversas nacionalidades, que oferecem, no espaço, diferentes pratos típicos dos seus países, tendo inclusive recebido um pano africano.

Para a Europa, a candidata socialista prometeu levar "uma mensagem com uma dupla dimensão: solidariedade, humanismo e também realismo na abordagem dos fenómenos migratórios".

"Ninguém para a vontade das pessoas melhorarem a sua vida com muros ou com regras rígidas. Temos de ajudar a desenvolver países de origem e trânsito. Temos de criar canais seguros de migração, porque precisamos também, como no passado, quando fomos um país de emigração, agora somos um país de pessoas que nos procuram e temos de as integrar com condições", sublinhou Marta Temido.

Confrontada com a falta de resposta da AIMA - Agência para a Integração, Migrações e Asilo em Portugal, a ex-ministra da Saúde adiantou que se pode "começar por dar à AIMA compromisso e um acordo".

"Quanto tempo precisa a AIMA para regularizar a situação? Que meios adicionais precisa? E dar um pacto de quando é que isso está ultrapassado", acrescentou.

Com o presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes (PS), a fazer de cicerone, e com o seu antigo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, na comitiva, houve cidadãos que não esqueceram os tempos da pandemia e agradeceram a Marta Temido o trabalho desenvolvido.

Antes de entrar na Feira de Leiria, a cabeça de lista do PS às europeias passou pela Porta 10 do Estádio de Leiria, onde a União de Leiria tem o seu museu e está patente a exposição 'Os Campeões em Leiria'".

A Marta Temido foi entregue a Taça da Liga dos Campeões conquistada em Lisboa, em 2014, pelo Real Madrid. Um momento "simbólico", que a candidata considerou ser também "um momento de união".

"Para a semana, vamos para a rua e vamos precisar de muita energia para explicar aquele que é o nosso projeto. Temos muito empenho e muita vontade, mas estes dias de aquecimento também são importantes", apontou.

A "aquecer os motores" para a campanha oficial que arranca na segunda-feira, no distrito de Setúbal, Marta Temido passou antes pela Nazaré, no distrito de Leiria, onde esteve com surfistas que lhe explicaram as "técnicas de enfrentar o mar, surfar a onda" e "manter a calma perante ondas adversas".

Já na parte final da visita à Feira de Leiria, Marta Temido foi surpreendida pela socialista Ana Catarina Mendes, que, vinda de Aveiro, parou na cidade do Lis para se juntar à cabeça-de-lista do PS às europeias.

Uma visita inesperada que a antiga ministra da Saúde fez questão de referir ter adorado. "Fazer política é difícil. A única hipótese de estarmos mesmo ao serviço dos outros é estarmos ao serviço dos outros com pessoas de quem gostamos, em quem acreditamos e não termos qualquer dúvida sobre elas quando o mar se torna mais tormentoso", referiu à Lusa.

Denunciar casos de "desinformação"

Marta Temido tmbém concordou com a iniciativa da Comissão Nacional de Eleições (CNE) em disponibilizar um número para denunciar casos de "desinformação ou publicidade indevida".

"É essencial tudo aquilo que possa contribui para esclarecermos, para serem no fundo fontes credíveis, onde as pessoas se possam informar, porque às vezes não é fácil", afirmou Marta Temido, durante a visita à Feira de Leiria.

A candidata socialista salientou que, por vezes, "um diz uma coisa, outro diz outra, mesmo às vezes no discurso político, que é muito corrido e muito 'stressado', é difícil perceber quem é que tem razão e, portanto, isso é muito importante para o apuramento de factos", destacou.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem um número de WhatsApp para os cidadãos denunciarem casos de "desinformação ou publicidade indevida" durante a campanha eleitoral para as europeias de 09 de junho.

Sobre o desafio do sociólogo e especialista em comunicação Gustavo Cardoso, que considerou à Lusa que os partidos políticos deviam fazer uma espécie de "código ético" sobre a desinformação, para prevenir a sua difusão pelos seus militantes em período eleitoral, Marta Temido disse ser uma "mensagem muito importante".

"Vivemos num tempo em que temos muita dificuldade em distinguir aquilo que são factos daquilo que às vezes são factoides. São construções artificiais que procuram mascarar a realidade para levar as pessoas a fazer uma interpretação, que não é correta sobre aquilo que se passou. É um aspeto muito preocupante", afirmou.

Segundo Marta Temido, "nem sempre com a vida corrida" do dia-a-dia "é possível compreender aquilo que são as coisas como elas aconteceram".

"A comunicação social aí tem um papel muito importante e é um apelo [código ético] para os políticos, mas também para a comunicação social e para as pessoas que também têm de fazer um esforço por se informar, estar mais atentas e não achar que tudo o que leem nas notícias é realidade", rematou.

O professor, que coordena o MediaLab, um instituto de estudo de ciências da comunicação integrado no ISCTE, explica que este "código ético" podia ser um "convite da sociedade portuguesa aos partidos" para que estes "fizessem a pedagogia da não utilização de desinformação nas suas práticas perante os seus próprios militantes e os seus simpatizantes".

O apelo de Gustavo Cardoso surge no contexto de um trabalho de parceria com a CNE para o período da campanha para as eleições europeias e a que a Lusa se associou, com o objetivo de detetar e prevenir eventuais notícias falsas neste período.