Com sala cheia, num dos mais requisitados espaços para eventos existentes no Porto, o Edifício da Alfândega, aonde acorreram várias figuras conhecidas da cidade e do clube, arrancou esta quarta-feira de forma oficial a tão anunciada ambição pessoal do “sócio 7616”: André Villas-Boas é candidato à presidência do FC Porto.
O antigo técnico do clube não poupou nos detalhes com que parte para o que será o maior desafio da sua vida: enfrentar aquele a quem o próprio Villas-Boas apelidou de “presidente dos presidentes”, Jorge Nuno Pinto da Costa, que está há 40 anos e 15 mandatos consecutivos à frente dos destinos do FC Porto.
Contratada aquela que é considerada a principal empresa de eventos do país, Desafio Global, o evento foi organizado ao pormenor, desde a extensa lista de convidados - mais de 700, em que se incluíram políticos da cidade, do liberal Tiago Mayan ao social-democrata Carlos Abreu Amorim, empresários como Joaquim Oliveira ou antigos dirigentes e jogadores portistas como Angelino Ferreira, Jorge Costa, Maniche ou Helton - até ao discurso do agora candidato, onde nem as histórias pessoais e agradecimentos finais escaparam ao rigor do teleponto.
Entre os trunfos de candidatura, uma presença sentimentalmente especial, logo na primeira fila: a viúva de José Maria Pedroto. Para quem foram, cirurgicamente, as primeiras evocações sobre os grandes nomes da história do clube, com Villas-Boas a citar uma frase do antigo técnico com quem Pinto da Costa começou a era de conquistas para os dragões: “As vitórias de um clube dependem sobretudo da capacidade de construir uma estrutura ganhadora, da capacidade e competência de construir ou manter essa estrutura ganhadora. E, existindo necessidade disso, não ter receio de reconstruir ou deixar que outros com uma visão de futuro assumam esse papel. A história não é benevolente com quem não reconhece a sua evolução e se mantém refém do passado”.
Estava o mote dado para meia hora de fortes críticas à atual gestão de Pinto da Costa, a partir de uma frase daquele que foi, historicamente, o mentor do atual líder.