Sérgio Antão é presidente da Junta de Freguesia de Algoz /Tunes há 22 anos, eleito pelo PSD, e quando lhe dizemos, logo pela manhã, ainda em viagem, que 36% do seus fregueses tinham votado no Chega, do lado de lá da linha ouviu-se um suspiro. “Impressionante!”, reage.
Depois, já refeito, procura justificações para a nova realidade do país, em geral, e para a da sua freguesia, em particular. “Na verdade, corresponde a uma certa expectativa que se anunciava. Tem havido um adensar de problemas em relação aos quais as pessoas não veem solução e que têm muito a ver com a atividade agrícola da região. Falta água e não se resolve, depois são os furtos de alfarroba, muitos, atribuídos a certos grupos de etnia cigana. Depois, houve um grande crescimento de população estrangeira aqui na freguesia, quer imigrantes da União Europeia, muitos de classe média-alta, quer de outras origens, com mais precariedade. Não há casas disponíveis para os locais. Há anos que pedimos posto da GNR e não vem, há anos que prometem acabar com as portagens da Via do Infante e nada. Há um acumular de saturação e deceção com a classe política. Há um grande sentimento de desproteção e as pessoas sentem que o discurso do Chega vem ao encontro dessas preocupações”, sublinha.