Habitação
19 julho 2024 às 08h11
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Entraram no mercado quase 24 mil casas novas no ano passado

Apesar do aumento de 12,8% face a 2022, o número do fogos a estrear não é suficiente para suprir as necessidades de habitação.

A oferta do mercado residencial português foi reforçada em 27 248 fogos em 2023, um aumento de 9,2% face ao ano anterior. De acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 23 652 casas referem-se a construções novas para habitação familiar e traduzem um crescimento anual de 12,8%.

Esta dinâmica está ainda assim muito longe de responder às necessidades do país. A AICCOPN (associação do setor da construção) estima que seja necessário construir 45 mil casas por ano para mitigar a crise habitacional. 
No ano passado, foram também licenciados em Portugal 39096 fogos, o que representa um aumento de 3,1% em comparação com 2022. Deste volume, 32 519 são unidades residenciais novas, traduzindo uma subida de 6% em relação ao ano anterior.

Já o licenciamento de edifícios conheceu uma quebra em 2023. Segundo o INE, foram licenciados 23 439 edifícios em Portugal, uma redução de 6,1% face a 2022. Para habitação familiar, foram licenciados 14 042 edifícios, o que significa uma diminuição de 9,4%. No volume total dos edifícios licenciados, 59,9% corresponde a construções novas para habitação familiar, o que traduz uma quebra de 2,2 pontos percentuais.

Os edifícios licenciados para construção nova representaram 74,1% do total e as intervenções de demolição corresponderam a 5,7% das obras licenciadas em 2023.

No ano em análise, o INE estima que tenham sido concluídos 17 266 edifícios, mais 1,1% do que em 2022. As obras concluídas em construções novas para habitação de famílias representaram 64,6% dos total concluído, um acréscimo de 3,1 pontos percentuais.

No que se refere a obras de reabilitação, verificou-se um decréscimo de 9,1% no total de empreitadas concluídas, totalizando 3 045 edifícios. Em 2023, foram licenciados 4 750 edifícios para reabilitação, o que representa um aumento de 5% face a 2022.

Vendas em queda

Conforme já tinha avançado o INE, o mercado imobiliário registou uma quebra acentuada em 2023. Nesse ano, foram transacionadas 136 499 casas, uma redução de 18,7% relativamente a 2022 , o que corresponde ao registo mais baixo desde 2017. Estas transações geraram um volume de vendas de 28 mil milhões de euros, menos 11,9% relativamente ao ano anterior.

As habitações usadas continuaram a representar a maioria das vendas. Foram adquiridas 108 380 casas já existentes, face às 28 119 transações de produto novo. A redução do número de transações verificou-se em ambas as categorias de habitação, sendo mais intensa nas existentes (-21,4%) face às novas (-6,1%).

Em valor, as casas usadas responderam por 20,1 mil milhões de euros em transações (-16,5% quando comparado com 2022) e 7,9 mil milhões corresponderam a vendas de habitações novas (+2,6%).
O preço mediano das casas no país atingiu 1611€/ m2, um aumento 8,6% relativamente ao ano anterior. Acima deste valor, destacaram-se a Grande Lisboa (2740 €/ m2), o Algarve (2613 €/ m2), Península de Setúbal (1901 €/ m2), Região Autónoma da Madeira (1889 €/ m2) e Área Metropolitana do Porto (1800 €/ m2).

No ano passado, realizaram-se aproximadamente 106 300 avaliações bancárias efetuadas por peritos ao serviço das instituições bancárias no âmbito da concessão de crédito à habitação, uma redução de 11,3% face a 2022, e aquém da redução de 18,7% apurada no número de transações. Assim, o número de avaliações realizadas representou 77,8% do total de transações, mais 6,5 pontos percentuais que em 2022 e a percentagem mais elevada desde 2010.

Rendas sobem 10,6%

No que toca ao mercado de arrendamento, foram celebrados 94 617 novos contratos (mais 2,1% do que em 2022), tendo a renda mediana aumentado 10,6% face ao ano precedente, com o metro quadrado a atingir 7,21 euros. O valor das rendas situou-se acima do valor nacional na Grande Lisboa (11,93 €/m2), Península de Setúbal (8,92 €/m2), Algarve e Região Autónoma da Madeira (ambas com 8,33 €/m2) e Área Metropolitana do Porto (7,98 €/m2).