Lon Chaney, ator cujo nome é indissociável dos primórdios do cinema de terror, foi a vedeta de He Who Gets Slapped/ O Palhaço, um dos títulos realizados em Hollywood pelo mestre sueco Victor Sjöström. O filme surgiu a 9 de novembro de 1924 nas salas dos EUA, entrando para a história como a primeira produção dos estúdios da Metro Goldwyn Mayer - a MGM tinha sido fundada poucos meses antes, a 17 de abril, faz hoje 100 anos.
Agora, se procurarmos no YouTube o trailer de um dos próximos lançamentos da MGM - Challengers, de Luca Guadagnino, com Zendaya (estreia portuguesa: 25 de abril) -, podemos confirmar que há um elemento simbólico que persistiu ao longo de um século. A saber: o célebre leão no emblema do estúdio, com a frase latina “Ars gratia artis” (“A arte pela arte”).
A história iconográfica do “leão da Metro” é tão contrastada quanto a do próprio estúdio. Entre os vários animais que figuraram na abertura dos filmes da MGM, um deles, de nome Jackie, foi mesmo protagonista de digressões internacionais - viveu entre 1915 e 1935, tendo o seu rugido abrilhantando as produções da MGM de 1928 até 1956. Agora, essa iconografia apresenta um complemento informativo (uma linha na base da imagem) que está longe de ser secundário: “An Amazon Company”. Isto porque Jeff Bezos, o patrão da Amazon, comprou a MGM em 2022 pela módica quantia de 8,45 mil milhões de dólares (contas redondas, 8 mil milhões de euros).
O atual herdeiro de Jackie, a rugir desde 2021 - estreado na abertura de Respect, filme biográfico sobre Aretha Franklin -, já não é animal, mas sim digital, gerado por técnicas de computador (CGI). Dir-se-ia um herdeiro insólito do chamado “leão estilizado” lançado em 1968: o estúdio quis promover uma imagem mais “moderna” do seu símbolo, adotando um desenho circular da cabeça de um leão. A solução teve vida efémera, surgindo apenas nos filmes estreados ao longo desse ano, incluindo 2001: Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick.