Paris2024
31 julho 2024 às 09h19
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Maria Tomé foi 11.ª classificada na prova de triatlo. "Foi super bom e estou super feliz"

Melanie Santos foi 45.ª. A prova foi vencida pela francesa Cassandre Beaugrand.

 A portuguesa Maria Tomé terminou esta quarta-feira no 11.º lugar na prova de triatlo dos Jogos Olímpicos Paris2024, enquanto Melanie Santos foi 45.ª, numa competição vencida pela francesa Cassandre Beaugrand.

Na sua primeira participação olímpica, Maria Tomé cumpriu os segmentos de natação (1.500 metros), bicicleta (40 quilómetros) e corrida (10 quilómetros) em 01:57.13 horas, a 2.18 minutos da gaulesa, que conquistou o ouro em 1:54.55.

Já Melanie Santos, que tinha sido 22.ª classificada em Tóquio2020, foi 45.ª na capital francesa, em 2:03.48 horas, a 8.53 minutos da vencedora, tendo sofrido uma penalização de 15 segundos no segmento de natação.

O pódio ficou completo com a suíça Julie Derron, medalha de prata, e a britânica Beth Potter, bronze, com mais seis e 15 segundos de Cassandre Beaugrand, respetivamente, sendo que a vencedora na anterior edição dos Jogos, Flora Duffy, das Bermudas, concluiu no quinto posto, a 1.17 minutos da francesa.

Maria Tomé ficou sem palavras para descrever as emoções provocadas pelo seu 11.º lugar em Paris, onde sentiu "uma energia extra" quando soube que estava no top 15.

"Fazer um 11º é... Nem tenho palavras para descrever. Acho que foi super bom e estou super feliz", começou por dizer a jovem de 23 anos, na zona mista junto à Ponte Alexandre III, ponto inicial e final da prova.

"Acho que a natação, neste momento, se calhar, é o meu ponto fraco, mas sabíamos que tinha de conseguir gerir bem ao máximo, tentar não ser afogada e gerir com a corrente, porque havia bastante corrente, e eu acho que fiz uma segunda volta [na água], não sei bem como, mas inteligente e deu para chegar um bocadinho mais à frente", detalhou.

Depois, nos 40 quilómetros de ciclismo, integrou um grupo com "uma boa ciclista", tentando manter o mínimo de espaço para o 'pelotão' da dianteira.

"Quando comecei a correr disseram-me que estava dentro do top 15, portanto foi lutar até o fim. Eu já ando a sentir-me muito bem a correr nos treinos, portanto sabia que podia ser um fator positivo começar a correr ali com o grupo onde desmontei. E claro que saber que estava dentro do top 15 dá sempre uma energia extra e ouvir todos os portugueses a gritar por mim ainda mais", revelou.

Nos 10 quilómetros de corrida, Maria Tomé tentou aguentar-se no grupo, integrado por "corredoras bastante consistentes", tendo perdido "um bocadinho para as alemãs" no final, mas conseguindo ainda assim bater Nina Eim ao sprint, na luta pelo 11.º lugar.

"Sempre que fazemos estafeta, o diretor técnico nacional põe-me sempre em último, porque diz que eu tenho uma ponta de lança um bocadinho mais forte, portanto, foi uma de 'ok, este lugar tem que ser o meu' e dei tudo", explicou, depois de ter travado uma luta com a alemã que obrigou ao recurso ao 'photo finish'.

A jovem triatleta assume que este resultado lhe dará confiança extra para a estafeta mista, que irá disputar ao lado de Melanie Santos, hoje 45.ª, Vasco Vilaça e Ricardo Batista, em 05 de agosto.

"Terei um bocadinho mais de nervos, porque não depende só de mim, depende da equipa toda. E eles dependem de mim, portanto tenho que dar o meu melhor. E temos de lutar para um lugar super próximo do pódio, porque temos uma equipa forte. E acho que é bastante possível", reconheceu.

Tomé abordou ainda o inevitável tema da qualidade da água do Sena, mostrando-se satisfeita por poderem ter realizado o triatlo.

"A qualidade estava dentro dos limites. Não sei bem se estava no limite, ali mesmo limite... mas ao menos aconteceu hoje, eu acho que toda a gente queria que fosse hoje, porque se não fosse hoje, na sexta-feira muito provavelmente virava duatlo", notou.

Maria Tomé impressionou na sua estreia olímpica, na qual protagonizou uma recuperação extraordinária, depois de ser a melhor no segmento de ciclismo.

Para alcançar o quinto melhor resultado de sempre do triatlo português em Jogos Olímpicos, a jovem de 23 anos cumpriu a prova em 01:57.13 horas, a 02.18 minutos da vencedora, a francesa Cassandre Beaugrand.

Depois de sair da natação na 39.ª posição, Maria Tomé recuperou 28 lugares, 19 dos quais no ciclismo, segmento no qual foi mesmo a melhor entre todas as participantes, incluindo Cassandre Beaugrand, que conquistou o ouro em 01:54.55 horas, para alegria dos milhares de franceses que madrugaram para assistir à prova.

O pódio ficou completo com a suíça Julie Derron, medalha de prata, e a britânica Beth Potter, bronze, com mais seis e 15 segundos, respetivamente.

A notícia chegou às 04:00 parisienses, através de uma foto publicada pela World Triathlon no X com a legenda "Vamos nadar". A organização de Paris2024 e a federação internacional sabiam que a 'janela' para evitarem que o triatlo passasse a duatlo se esgotava hoje, uma vez que choveu toda a noite e há promessa de mais chuva para quinta-feira, o que 'automaticamente' degradará a qualidade da água e tornaria inviável o dia de contingência, inicialmente agendado para 02 de agosto.

Os resultados das últimas análises, realizadas na tarde de terça-feira e recebidos pelas entidades às 03:20 locais -- é incompreensível que demorem tanto tempo -, revelaram que a água do Sena estava finalmente conforme e que tanto a prova feminina como a masculina poderiam acontecer.

Sabe-se, portanto, que quando as triatletas entraram na água e depois de uma noite de chuva intensa, os níveis bacteriológicos já seriam certamente diferentes, mas nada disso perturbou as 56 desportistas que partiram da Ponte Alexandre III para 1.500 metros no rio parisiense, interdito a banhos desde 1923.

Maria Tomé saiu da água na 39.ª posição, a 02.12 minutos de Flora Duffy, enquanto Melanie Santos era 41.ª, a 02.15, quando iniciou os 40 quilómetros de ciclismo. A triatleta de 29 anos sofreu uma penalização de 15 segundos no segmento de natação, por ter falhado uma boia e ainda teve o azar de deixar cair o capacete quando fazia a transição para a bicicleta.

Apesar de já não chover, a estrada molhada fez várias 'vítimas', com as quedas a sucederem-se, com mais ou menos aparato, mas deixando as portuguesas ilesas.

Julie Derron fez a transição da bicicleta para a corrida na frente, com Tomé, protagonista de uma excelente recuperação, a ser nessa altura 20.ª, a 01.08 minutos da suíça, depois de ser a mais rápida entre todas as triatletas, nesse setor, que cumpriu em 57.34.

Já Santos, que em Tóquio2020 foi 22.ª, estava em quebra, sendo apenas 43.ª, a 04.35.

Estreante em Jogos, a triatleta de 23 anos 'galgou' posições no segmento de corrida e ainda encontrou forças extra para bater a alemã Nina Eim ao sprint, na luta pelo 11.º lugar, decidido com recurso da 'photo finish', o mesmo método usado para definir que Santos foi 45.ª.

Maria Tomé conseguiu mesmo o quinto melhor resultado de sempre do triatlo luso em Jogos Olímpicos, depois da prata de Vanessa Fernandes, em Pequim2008 - tinha sido oitava quatro anos antes -, do quinto lugar de João Pereira no Rio2016 e do nono de João Silva em Londres2012