Médio Oriente
27 maio 2024 às 09h39
Atualizado em 27 maio 2024 às 09h51
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Dezenas de mortos. Israel admite que atingiu civis em Rafah em ataque denunciado como "deliberado" pelo Hamas

Hamas apela aos palestinianos para que "se levantem e marchem" contra o exército israelita, após "horrível massacre sionista cometido" contra "as tendas de pessoas deslocadas". Ataque fez pelo menos 50 mortos.

O exército israelita anunciou no domingo à noite que lançou ataques contra um complexo do Hamas em Rafah, extremo sul da Faixa de Gaza, admitindo ter ferido civis, mas a presidência palestiniana acusou Jerusalém de atacar deliberadamente um centro de deslocados.

"Um avião atingiu um complexo do Hamas em Rafah, onde operavam terroristas importantes do Hamas", declarou o exército israelita em comunicado, acrescentando ter "conhecimento de informações segundo as quais vários civis da zona ficaram feridos".

A presidência palestiniana acusou, no entanto Israel de ter atingido deliberadamente um centro para pessoas deslocadas perto de Rafah, matando, pelo menos, 50 pessoas, segundo as autoridades do Hamas que governam o território.

"Este massacre atroz perpetrado pelas forças de ocupação israelitas é um desafio a todas as resoluções internacionais sobre a legitimidade", escreveu a presidência palestiniana num comunicado, acusando Israel de "visar deliberadamente" um campo para pessoas deslocadas.

O Hamas apelou ainda aos palestinianos para que "se levantem e marchem" contra o exército israelita.

"À luz do horrível massacre sionista cometido esta noite pelo criminoso exército de ocupação contra as tendas de pessoas deslocadas, apelamos às massas do nosso povo na Cisjordânia, em Jerusalém, nos territórios ocupados e no estrangeiro para que se levantem e marchem com raiva", escreveu o movimento palestiniano num comunicado.

Parlamento da Liga Árabe, Jordânia e Egito condenam ataque a campo em Rafah

O Parlamento da Liga Árabe, a Jordânia e o Egito condenaram o bombardeamento israelita realizado contra um campo de deslocados em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que provocou 50 mortos, segundo o grupo islamita Hamas.

O Parlamento da Liga Árabe, composta por 22 Estados, afirmou num comunicado que "as posições dos países que apoiam a entidade ocupante (Israel), liderada pelos Estados Unidos, são a principal razão pela qual continuam a cometer mais crimes e massacres, incluindo em Rafah, onde provocou dezenas de mártires e feridos, nomeadamente crianças e mulheres".

"O facto de não responsabilizarem a entidade ocupante pelos seus crimes e massacres (...), e de não tomar medidas dissuasivas contra essa, faz com que continue a matar e a destruir", afirmou a nota da Liga Árabe.

Pelo menos 50 habitantes de Gaza morreram durante a madrugada de hoje num bombardeamento israelita contra um campo de deslocados no noroeste de Rafah, no bairro de Tal al-Sultan, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

O exército israelita confirmou o ataque aéreo, que foi "baseado em informações precisas" e dirigido contra dois altos responsáveis do Hamas.

"Este é um massacre atroz (...) contra civis palestinianos nos campos de deslocados de Rafah (...) a ocupação viola todas as leis, costumes e resoluções internacionais que exigem a cessação imediata da agressão", acrescentou o comunicado do parlamento árabe.

O organismo legislativo enfatizou que o último ataque israelita é "um flagrante desafio e violação de todas as resoluções, incluindo a decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) que pede a suspensão dos ataques a Rafah".

A Jordânia também condenou o "massacre de Rafah" e o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros instou a comunidade internacional a "tomar medidas imediatas e eficazes" e a "forçar Israel a assumir a responsabilidade pelas suas práticas e a ser responsabilizado pelas suas ações".

Egito condenou hoje um "bombardeamento deliberado das forças israelitas contra tendas de pessoas deslocadas" em Rafah.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egito apelou, numa declaração, que Israel "implemente as medidas decretadas pelo Tribunal Internacional de Justiça relativas à cessação imediata das operações militares" na cidade palestiniana de Rafah, localizada na fronteira de Egito.

Rafah tem sido um dos principais alvos das operações militares israelitas, que causaram cerca de 36 mil mortes em Gaza desde 7 de outubro, segundo o Hamas.

Mais de 1,4 milhões de palestinianos vivem em Rafah, a maioria desses deslocados de outras áreas de Gaza devido às operações israelitas, mas mais de 900 mil desses foram forçados a fugir de Rafah devido a ataques em outras regiões do enclave.