Como gosta de descrever esta sua personagem tão sombria?
Para mim é um especialista do maquiavelismo, alguém muito complexo. Nesta segunda temporada vai ficar mais interessante, vamos vê-lo a trabalhar mais e nem tudo lhe corre de feição. É agora que vamos ver de que fibra é feito. Para um ator é sempre muito divertido interpretar alguém tão intrincado.
Esta temporada é mesmo muito mais negra do que a primeira?
Sim, muito mais. As coisas vão ficar muito sombrias. Agora é mesmo a guerra.
Tal como em Game of Thrones, “o inverno está a chegar”.
Isso mesmo.
Diz-se que esta série não foi barata. Podemos ficar confiantes de que todo este orçamento multimilionário vai poder ser visto no ecrã?
Sim, literalmente todos os cêntimos gastos vão ser vistos no ecrã! A escala é mesmo gigante e tudo foi gasto para que se pudesse ver.
Como ator já está mais habituado a contracenar com elementos digitais e a imaginar paisagens e dragões?
Bastante mais, mas a maior parte dos locais de rodagem são mesmo físicos e reais. Sentimo-nos mesmo naquela época! A verdade é que continuamos a não ver dragões, infelizmente. Continuam a colocar alguém com uma grande cana e uma bola de ténis lá espetada a movimentar-se até nós.
A famosa bola de ténis...
A famosa bola de ténis! Temos ainda de fingir que existe diante de nós um terrível dragão gigante. Mas não, é apenas um tal Darren com uma bola de ténis... Não deixa de ser cómico.
A maior parte dos atores aqui são britânicos. Isso dá a esta série uma panache muito “british”. Muda tudo um pouco, mesmo para o tom do acting, não?
Nunca tinha pensado nesses termos. Sabe que mais? Tem toda a razão, esse é mesmo um elemento que acaba por ser expandido e dá-nos a nós, os atores, mais confiança no tom e no estilo. Panache é o termo certo.
É que depois convoca toda a vibração shakesperiana...
Sem dúvida, sobretudo devido aos arcos da narrativas, mas é preciso não esquecer que Shakespeare foi roubar muito a histórias pré-existentes e transformou-as em material original. O que aqui fazemos é semelhante: damos nova vida a velhas histórias folclóricas e a contos. Trata-se de um olhar realista ao conto-de-fadas. Temos dragões e magia mas também aquilo que o mundo seria de facto se os dragões existissem.
Porque razão há este fascínio todo em relação aos dragões?
Creio que é uma fantasia mental da nossa infância. Mas é bizarro, claro. Difícil de explicar, gostamos deles e pronto! Qualquer coisa de mito...
Os unicórnios não têm esse apelo tão forte.
Sim, é verdade, mas eu gostaria de ver uma série com unicórnios.
Não se esqueça de A Lenda da Floresta, de Ridley Scott, feito em 1984 e estreado em 1985...
Sim, conheço. Foi um fracasso mas as pessoas agora julgam que é bom.
E já que falamos em Scott, em termos de grande produção, quase simultaneamente, também experimentou a dimensão do cinema em Napoleão...
Era tão colossal! E foi espantoso ver como o Ridley Scott era capaz de navegar naquela grandiosidade. Estava sempre tão calmo, sem stress, nunca se chateava, enfim, é um mestre!
Tem a sensação que House of The Dragon vai resistir ao teste do tempo?
Não faço ideia! Era bom que daqui a 20 anos ainda fosse relevante e as pessoas ainda falassem desta série.