De 2019 a 2023, 5043 médicos, entre especialistas e internos, rescindiram os contratos com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e não regressaram para trabalhar com outro tipo de contrato ou noutra unidade. Nos enfermeiros, este número foi de 5134 profissionais e na classe dos assistentes operacionais de 5041.
Ou seja, 15 218 profissionais das três classes mais representativas, em número, no SNS optaram por sair e não voltar ao setor público. Juntando aqui os profissionais das restantes oito classes que integram o SNS, o número de saídas, nos últimos cinco anos, é de 19 598.
Os dados foram disponibilizados ao DN pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), organismo do Ministério da Saúde, e integram todos os profissionais do SNS (ver tabela). Mas, na verdade, estes dados mostram ainda que, afinal, o número de profissionais que rescindiu contrato com o SNS nestes cinco anos, é bem mais elevado do que os quase 20 mil, já que houve 35 105 profissionais a rescindir contratos. Só que, destes, 15 507 acabaram por regressar, embora com outro tipo de contrato ou noutra unidade.
Na resposta ao DN, a ACSS explica que, apesar das saídas, há que ter em conta que “o número de profissionais ativos no SNS tem vindo a ser continuamente reforçado. Um aumento de 10,5% quando comparamos o total de profissionais registados em dezembro de 2023 (149 579) com dezembro de 2019 (135 423), e de 24,6% quando se compara o total de profissionais em dezembro de 2015 com o mesmo período de 2023”.
A tutela alerta também para o facto de haver um “elevado número de situações em que os profissionais rescindem contrato para mudar de instituição dentro do SNS, seja por razões de desenvolvimento profissional, motivos pessoais, preferência geográfica, entre outros”, sublinhando que “uma grande parte das situações de rescisão de contrato não configuram saídas efetivas do SNS, mas rescisões para mudança de local ou de estabelecimento de trabalho, havendo também situações de novo contrato após a cessação de vínculo prévio”. Ou seja, que apesar das saídas, o saldo é positivo. Mas não é esta a leitura que fazem os sindicatos das três classes mais representativas do SNS.