Analisando, a título de exemplo, o que se espera para os próximos dez anos, é de facto a receita que sai pulverizada, com a tutela de Miranda Sarmento a fazer um corte superior a mil milhões de euros na rubrica.
É o efeito da lei 37/2024, que entra em vigor a 1 de janeiro do ano que vem. Nela "são eliminadas as taxas de portagem" nas autoestradas A4 - Transmontana e Túnel do Marão; A13 e A13-1 - Pinhal Interior; A22 - Algarve; A23 - Beira Interior; A24 - Interior Norte; A25 - Beiras Litoral e Alta; A28 - Litoral Norte, nos troços entre Esposende e Antas, e entre Neiva e Darque.
Face ao OE 2024, os encargos brutos esperados para os próximos dez anos nos contratos rodoviários parecem estar estáveis, apesar do valor astronómico em causa. Registaram uma revisão em alta de apenas 40 milhões de euros, totalizando agora mais de 8,8 mil milhões de euros.
Além das estradas, as contas públicas começaram este ano registar a despesa de construção do novo hospital central de Lisboa, além dos custos com as PPP já instaladas e que continuam ativas por muitos e bons anos.
Segundo as Finanças, da lista atual constam: Hospital de Cascais (PPP relativa ao edifício e PPP relativa à gestão clínica), Hospital de Braga (PPP relativa ao edifício), Hospital de Vila Franca de Xira (edifício), Hospital de Loures (edifício). Estas parcerias estavam contratualizadas e devem gerar prejuízos para o Estado até 2041, segundo os documentos das Finanças.
Mas, entretanto, eis que arrancou finalmente a obra do referido Hospital de Lisboa Oriental (PPP relativa ao edifício, cujos encargos líquidos são, neste exercício orçamental, pela primeira vez considerados).
O custo deste hospital começou a pingar em junho passado e o respetivo caderno de encargos deve estender-se até 2053, pelo menos.
Face à estimativa de há um ano (OE 2024), "verifica-se um aumento global dos encargos" em 2025, de 185 milhões de euros para 235 milhões de euros, segundo a previsão de Sarmento.
Tudo considerado e até que o último contrate vigore (2053), o negócio de toda a Saúde concessionada pelo Estado aos privados vai custar em termos líquidos aos contribuintes 2,5 mil milhões de euros, mais 46% do que se dizia há um ano (1,7 mil milhões de euros).
Ou seja, para já, a diferença é um indicador do custo potencial que decorre do novo Hospital de Todos-os-Santos. Segundo as contas do DN, dá quase 800 milhões de euros.
As PPP ferroviárias também registam um aumento do encargo público, em 25%, para 201 milhões de euros até 2032. As parcerias geradoras de custos são Metropolitano Ligeiro da Margem Sul do Tejo (MST), Metro do Porto e Fertagus (que explora o comboio que passa na ponte 25 de abril, Lisboa/Almada).