O cabeça-de-lista da Alternativa para a Alemanha (AfD) anunciou o seu afastamento da campanha para as europeias, mas também a demissão da comissão executiva federal do partido de extrema-direita, na sequência da polémica que causou ao afirmar que os membros do grupo paramilitar nazi SS não são “automaticamente criminosos”. “É preciso avaliar a culpa caso a caso. No final da guerra, havia quase um milhão de SS. Até Günter Grass foi membro das Waffen-SS”, afirmou Maximilian Krah aos media italianos no fim de semana. Marine Le Pen e outros líderes da extrema-direita europeia mostraram o seu repúdio a estas declarações e defenderam um corte com a AfD.
“Reconheço que as minhas declarações factuais e matizadas estão a ser mal utilizadas como pretexto para prejudicar o nosso partido”, escreveu ontem Krah na rede social X. “A última coisa de que precisamos neste momento é de um debate sobre mim. A AfD deve manter a sua unidade. Por esta razão, vou abster-me de mais aparições na campanha com efeito imediato e demitir-me como membro da Comissão Executiva Federal”, acrescentou.
Apesar de Krah se ter tornado num risco, a AfD não tem outra opção senão mantê-lo como cabeça de lista para as europeias, já que as regras proíbem quaisquer modificações após 18 de março - a única exceção seria uma condenação criminal com pena de prisão de pelo menos cinco anos. Krah pode, no entanto, decidir ele próprio não assumir o mandato após a eleição.
Eurodeputado desde 2019, Maximilian Krah não é um estreante no que diz respeito a polémicas. Ele e Petr Bystron, outro candidato da AfD às europeias, vieram recentemente a púbico negar as alegações de que aceitaram dinheiro para divulgar posições pró-Rússia num site de notícias financiado por Moscovo. Paralelamente, a justiça alemã lançou uma investigação preliminar contra Krah devido a relatos de pagamentos suspeitos recebidos da China e da Rússia.
Esta sucessão de escândalos tem causado danos nas intenções de voto da AfD - em dezembro, as sondagens davam ao partido de extrema-direita alemão 25%, altura em que estava a capitalizar o descontentamento com o aumento da imigração e uma economia fraca, mas desde então tem vindo a cair na sequência das polémicas, tendo atingindo os 15% numa sondagem feita na semana passada.