Ataque ao líder do Chega
23 junho 2024 às 19h53
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Caso das Gémeas: Pedro Nuno Santos diz-se envergonhado com "falta de empatia" de Ventura com mãe das crianças

Líder socialista diz "ter quase a certeza" de que a maioria dos eleitores que votaram no Chega estão envergonhados pela forma como "o político em quem votaram tratou uma mãe em direto".

O secretário-geral do PS declarou-se este domingo "profundamente envergonhado" pela "falta de empatia" e pela forma como o presidente do Chega, André Ventura, tratou a mãe das gémeas luso-brasileiras na audição parlamentar.

"Envergonhou-me profundamente como deputado ter assistido à forma como o Chega e André Ventura trataram uma mulher que fez aquilo que qualquer mãe em Portugal faria para defender os seus filhos", afirmou Pedro Nuno Santos à margem do cumprimento entre os presidentes das câmaras do Porto e Vila Nova de Gaia na ponte Luiz I, que une as duas cidades, para assinalar o São João.

O socialista, que vai passar a noite de São João em Vila Nova de Gaia a convite do presidente de câmara, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, assumiu que o Chega representa tudo aquilo que quer combater na sociedade portuguesa, acrescentando que a postura de André Ventura na audição à mãe das crianças foi "a degradação máxima do parlamento".

"O líder do Chega revelou uma autêntica e total insensibilidade humana para com os outros, uma total ausência de empatia", vincou.

Pedro Nuno Santos disse "ter quase a certeza" de que a maioria dos eleitores que votaram no Chega nas eleições legislativas de março estão envergonhados pela forma como "o político em quem votaram tratou uma mãe em direto".

A mãe das gémeas disse na sexta-feira à comissão de inquérito que nunca conheceu ou se dirigiu pessoalmente ao Presidente da República ou ao filho e indicou que mentiu quando falou numa rede de influência que favoreceu as crianças.

"Nunca conheci nem me dirigi pessoalmente ao senhor Presidente da República ou ao seu filho, Dr. Nuno Rebelo de Sousa", afirmou Daniela Martins.

Antes desta audição, a comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria voltou a requerer a presença do filho do Presidente da República, alegando que a sua recusa em comparecer "consubstancia um crime de desobediência".

Em causa neste processo, que tem como arguidos o ex-secretário de Estado da Saúde Lacerda Sales e Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, está o tratamento hospitalar das duas crianças luso-brasileiras que receberam o medicamento Zolgensma. Com um custo de dois milhões de euros por pessoa, este fármaco tem como objetivo controlar a propagação da atrofia muscular espinal, uma doença neurodegenerativa.

O caso está ainda a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, mas a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde já concluiu que o acesso à consulta de neuropediatria destas crianças foi ilegal.

Também uma auditoria interna do Hospital Santa Maria concluiu que a marcação de uma primeira consulta hospitalar pela Secretaria de Estado da Saúde foi a única exceção ao cumprimento das regras neste caso.

Pedro Nuno considera absurda ideia do PSD de haver aliança entre PS e Chega

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou ainda "absurda e sem sentido" a ideia de haver uma aliança entre PS e Chega defendida pelo presidente do PSD, Luís Montenegro.

"A conversa sobre a aliança entre o PS e o Chega é absurda, não tem sentido", afirmou o socialista à margem do cumprimento entre os presidentes das câmaras do Porto e de Vila Nova de Gaia na ponte Luiz I, que une as duas cidades, para assinalar o São João.

Pedro Nuno Santos, que esta noite passa o São João em Vila Nova de Gaia, a convite do presidente da câmara, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, referiu que o Chega é mesmo o partido do qual o PS está mais distante.

"O mesmo não posso dizer do PSD que ainda, recentemente, aprovou propostas com eles", vincou. 

O secretário-geral do PS reagia, assim, às declarações do presidente do PSD, Luís Montenegro, que hoje apelou ao PS e ao Chega para se "preocuparem menos em juntar-se um com o outro", mas antes para se juntarem ao Governo para "decidir bem" sobre as necessidades dos portugueses.

"Só com graça é que ouvimos as declarações do primeiro-ministro. Aliás, dá para nos questionarmos como é que se chama a aliança PSD, AD e Chega", atirou.

Pedro Nuno Santos recordou que, na sexta-feira, a proposta do fim da contribuição extraordinária para alojamentos locais foi aprovada com os votos do Chega.

Além disso, o socialista referiu que, ainda recentemente, o Chega elogiou as propostas do Governo PSD para a justiça e para as migrações.

Portanto, repetiu: "Perante aquilo a que temos oportunidade de assistir é um absurdo o que ouvimos do PSD sobre alianças".

O secretário-geral do PS sublinhou ainda que conseguiu aprovar no parlamento medidas importantes para o povo português, como o fim das portagens nas ex-scut do interior ou o aumento das deduções das rendas.

"Quando o Governo aprova propostas que são suas, que já agora são negativas para o país, com os votos do Chega não podem fazer de conta", ressalvou.

Na opinião do socialista, o PS e o parlamento têm sido ignorados naquela que é a intervenção do Governo.